terça-feira, 19 de abril de 2011

Limbo Musical: Rock Progressivo



Limbo Musical: Rock progressivo

Introdução:

O rock progressivo é um estilo musical dos mais complexos, dos menos divertidos para aqueles que não gostam de pensar e nem sempre é feito com o intuito de simplesmente "agradar gostos musicais". Essa saga, ainda de quantidade de capítulos indefinidos, visa explorar um pouco sobre o universo desse estilo tão rico e complexo, amado por alguns, odiado por muitos, ignorado por milhares e esquecido por outros. Viso também, ao fim dessa saga, mostrar que o estilo não morreu e existem bandas travando verdadeiras guerras fonográficas para manter o estilo vivo, seja no mainstrem, seja no underground. Resolvi dividir em alguns capitulos, e dessa vez vamos falar sobre as origens do rock progressivo.

Capítulo I: Os primórdios

Meado dos anos sessenta. O Rock já completava uma década e os principais expoentes eram The Beatles, Rolling Stones e The Who. Além de outras muitas bandas que faziam o eixo musical, Estados Unidos e Inglaterra. Durante esse período a cultura, política e sociedade assistiriam transformações diversas. A guerra fria, a corrida bélica e nuclear, a geração x vigando, os novos costumes, a revolução sexual, os direitos dos negros e das minorias, entre outros acontecimentos. Tudo isso marcou profundamente a sociedade e mudou o modo de como as bandas encaravam a realidade. Não bastava fazer apenas as velhas canções de rock and roll, com os mesmos poucos acordes e com as letras sobre diversão e amor. E para dar o primeiro passo em direção a novos rumos os Beatles começaram a mostrar experimentações nos discos Rubber Soul e Revolver, respectivamente de 1965 e 1966. Rolling Stones e The Who começaram a mostrar suas facetas mais ousadas também em 1966, respectivamente com “Aftermath” e “A quick one”. Nada disso superaria o que três discos lançados em 1967 representam. The Beatles e, até então, duas desconhecidas bandas, lançariam as bases para o que viria ser conhecido como Rock Progressivo nas décadas subseqüentes.

“Sgt.Peppers Lonely Hearts Club Band” do The Beatles. “The Piper at the gates of Dawn” do Pink Floyd. “Days of a Future Past” do The Moody Blues.


O primeiro é considerado a obra mestra dos Beatles. Discordo dessa idéia de tantos fãs. Abbey Road é o que considero o ápice da criatividade e musicalidade dos Beatles, seguido pelo álbum branco e pelo Let it Be. Depois o Sgt.Peppers, contudo isso é um tanto quanto questionável e subjetivo. O assunto também é outro. O fato é que Sgt.Peppers trouxe uma nova musicalidade e abriu o conceito de “álbum conceitual”. Embora muitos digam que um álbum para ser conceitual precisa girar em torno de um conceito, ou temática, apresentando uma história ou uma relação de fatos, e o sgt.peppers não apresenta necessariamente isso, é visível que ele foi criado, a principio, para contar uma pequena história narrada pelos The Beatles. Eles apresentam o Sargento Pimenta e sua banda do clube dos corações solitários, logo em seguida emendando a música que apresenta Billy Sheers (segundo boatos... falsos... o sósia que teria substituído Paul MacCartney depois de seu falecimento em um acidente. Besteiras a parte...). O Resto do álbum não tem conexão lírica ou temática, entretanto formam uma bela obra, que inclusive, foi um dos primeiros discos de rock a contar com uma orquestra em sua gravação. Reza a lenda que no mesmo dia que gravavam Sgt.Peppers, no estúdio da Abbey Road, lá estavam eles, Pink Floyd, gravando seu primeiro disco, o intitulado “The Piper at the Gates of Dawn”.

O disco é psicodélico do inicio ao fim, com longas músicas e arranjos mais complexos. Foi praticamente o único disco a contar com o vocalista e guitarrista, Syd Barret. Pouco tempo depois o carinha deu um sumiço, voltou, lançou dois discos solos e desapareceu. Chamaram David Gilmour pra substituí-lo. Syd só daria as caras anos depois durante a gravação de um álbum que era em sua homenagem. E, diga-se de passagem, o cara teria detestado a música que Roger Waters e Cia fizeram pra ele. O caso é que Sid sofria de esquizofrenia. Não sei informar se foi o consumo irrestrito de drogas alucinógenas, se ele tinha outros tipos de problemas, ou o que. Contudo ele era um grande músico e deixou um belo legado de sua música. E para finalizar essa primeira parte, que tal um breve comentário sobre o disco “Days of a Future Past” do The Moody Blues. Lançado no mesmo ano que os dois discos que comentei anteriormente, ele teve aspectos semelhantes e diferentes.

Podemos chamar esse disco de conceitual em toda sua estrutura, ao contrário do Sgt.Peppers ou do The Piper. Inicialmente o Moody Blues queria fazer uma versão rock da Sinfônia do Novo Mundo, do compositor Checo, Dvorak. Entretanto a idéia foi abandonada. O conceito final é sobre como nasce e acaba o período de um dia. As canções bem intrincadas e com uma sonoridade especial fazem desse disco uma obra de arte. Assim como Sgt.Peppers esse disco teve a participação de uma orquestra, entretanto, na minha opinião, mesclou a música erudita de maneira mais eficaz que os Beatles. Não usando apenas arranjos, mas fazendo canções inteiras com a orquestra e mostrando passagens belíssimas que viriam até a se tornar elementos decorrentes, e muitas vezes clichês, no rock progressivo.

Enfim... O rock progressivo é um estilo rico demais para tentar explicar em apenas um post.
Não pretendo fazer aqui uma enciclopédia sobre o assunto, tão pouco escrever um livro. Mas quero tentar trazer o assunto à tona, expor meus pontos de vista e também trazer alguma leitura diferenciada para quem à procura.

Próximo capítulo de Limbo Musical:

Rock Progressivo - Capítulo II: Da psicodélica ao período clássico.

Exemplo de algumas canções dos discos citados, clique no link pra ver o vídeo:

The Beatles - A Day in The Life

The Moody Blues - Nights in White Setim

Pink Floyd - Interstellar Overdrive

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