terça-feira, 26 de abril de 2011

Limbo Musical: Rock Progressivo - EDIÇÃO EXTRA ORDINÁRIA

Frank Zappa e as mães da invenção: Psicodelia, progressivo e abstrações concretas


Estou interrompendo momentaneamente minha saga especial sobre o rock progressivo para apresentar, creio que esse senhor que irei comentar dispensa apresentações, mas enfim, e comentar um pouco sobre essa figura tão carismática e genial que foi Frank Vincent Zappa, ou mais normalmente, Frank Zappa.
Seria impossível e até mesmo injusto, falar de rock progressivo e esquecer desse que foi um dos maiores contribuíres do gênero Embora nem sempre se ligue o nome Frank Zappa ao rock progressivo, é inegável sua importância para o estilo. O fato de Zappa não mostrar uma definida linha musical talvez seja o culpado dele não ser ligado ao rock progressivo tão fortemente quanto bandas como Pink Floyd, Genesis ou Yes, mas não podemos negar que o homem foi um dos mais inventivos e excêntricos músicos de sua geração, e por que não dizer de todos os tempos.

As influências de Zappa são impares e definiram sua formação musical. Do Rythm and Blues da década de cinqüenta até a música de vanguarda e erudita, Zappa mesclou tudo isso ao rock pesado, ao blues e ao jazz, transformando qualquer forma de som criado pelo homem (ou por alienigenas, máquinas, animais, minerais, vegetais, etc.) em forma musical.

Durante sua adolescência e começo da idade adulta ele foi parte de várias bandas, tocando bateria, guitarra e cantando. Chegou a se apresentar em um programa de auditório no qual tocava música com uma bicicleta. Entretanto sua fama começaria apenas com o grupo Mothers of Invention. Em 1966, em pleno auge da Beatlemania, Frank Zappa and the Mothers of Invention, lança o disco "Freak Out", já mostrando que não veio para brincadeiras. Psicodélico, inovador, roqueiro e desprentecioso. Agora os fãs de Beatles que me perdoem, mas Frank Zappa em apenas um disco resumiu tudo que os Beatles até então tinham feito e fariam até o Sgt. Peppers, lógico que com Frank Zappa no comando tudo foi além, e "Freak Out" se tornou um disco "cult" e ao contrário do rock "bobo" da época, possuia canções de alto nível estrutural e muito originais. Tanto que Zappa teve que "ler" as canções para os músicos poderem gravar, coisa que para um álbum de rock and roll era quase impensável.

Em 1968, ano seguinte ao lançamento do Sgt. Pepper Lonely Hearts Club Band, dos Beatles, Frank Zappa and the Mothers of Invention lança o disco, "We're only in for the money", com uma capa satarizando o "Sgt.Peppers", que inclusive foi censurada a pedido, do ainda não, Sir Paul McCartney. O disco era um verdadeiro esculhacho sonora. No bom sentido. Com canções muito complexas, arranjos vanguardistas e algumas das passagens musicais mais interessantes de toda a década de sessenta. Lógico, os Beatles não foram os únicos provocados, toda a contra-cultura hippie e a geração "flower power" foi criticada e satirizada. Valendo lembrar para os desinformados, que Zappa era contra o uso de drogas, dizendo que elas afetavam sua criatividade e classificava seus usuários como "babacas em ação". Penso eu que uma critica dessa tem a ver com toda a contradição da cultura hippie, que pretendo abordar em outro texto.

Na década de setenta o Mothers of Invention se dissolveria e Zappa seguiria carreira solo, tendo disco ou outro sido gravado com ajuda de novas formações do Mothers of Invention.
A questão é que Zappa mudou radicalmente o conceito de musicalidade. Ele não queria agradar, não queria soar melódico ou harmonioso. Não tinha interesse algum em vender 100 milhões de discos ou zero. Não queria ser um membro da contra-cultura, muito menos um membro da cultura popular. Ele queria fazer música diferente e atemporal, e conseguiu.


Eu poderia traçar linhas e linhas de informações sobre Frank Zappa. Poderia dedicar uma saga única e exclusiva aqui para esse nosso amigo fenomenal. Mas vou apenas terminar essa seção com algumas coisas interessantes. Irei fazer um breve comentário sobre meus discos favoritos do Zappa.
Colocarei também videos de algumas canções emblemáticas do grande Zappa. E algumas frases marcantes que o mestre proferiu.


Bom, até o próximo Capítulo da Seção Limbo Musical, na qual vamos continuar a saga do rock progressivo!

Frank Zappa, Discos favoritos do VACO:
1966 - Freak Out


Disco que revolucionou a música. Até então, provavelmente, o disco mais complexo e interessante de rock. Anos luz a frente de "Revolver" ou "A Quick One". Um dos primeiros discos conceituais e duplos da história do rock.
1968 - We're only in it for the Money


Disco que, supostamente, teve sua capa censurada a pedido de Paul McCartney, pois satirizava a capa do clássico Sgt.Peppers dos Beatles e toda a cultura hippie, flower-power. Musicalmente é um disco que mistura rock and roll com elementos de música vanguardista, R'n'B dos anos cinquenta, surf music, doo-woop e experimentos sonoros. Algumas das passagens mais interessantes da música da década se sessenta se encontram nesse disco.

1970 - Hot Rats

Primeiro disco de Zappa sem os Mothers of Invention e possivelmente o primeiro disco comercializado a ser gravado em seis canais (até então o costume era gravar em quatro).
Quase inteiro instrumental, o disco é menos experimentalista que outros e mais progressivo. Mostrando em clássicos como "Peachs en regallia" que Zappa era um dos maiores nomes da música.

1970 - Chunga's Revenge


Uma abordagem próxima ao Hot Rats. Entretanto com mais enfase em guitarras pesadas. Algumas músicas como Transylvania Boogie e Road Ladies mostram um lado bem roqueiro de Zappa.

1973 - Over Night Sensation


Outro disco de Zappa que se remete demais ao Rock progressivo.
Muitos fãs dizem que é um álbum controverso, pois se comparado aos anteriores é muito mais acessível, musicalmente falando. Na minha opinião, apesar de elementos mais simples, menos colagens e experimentos musicais, Over Night sensation é um dos melhores discos de Zappa, com alguns de seus maiores clássicos, como Camarillo Brillo, I'm the slime e Zomby Woof.

1974 - Apostrophe (')
Apostrophe (') é um disco que embalou no sucesso de ONS. Tornou-se o maior sucesso comercial de Frank Zappa nos EUA. Mesmo assim é um disco experimentalmente mais rico que ONS. Com músicas complexas e diferentes, com letras, ainda, mais bizarras e obscuras.

1979 - Sheik Yerbouti


O disco de maior vendagem de Zappa, com mais de dois milhões de cópias no mundo todo. Músicas menores, mas não menos sofisticadas. O ponto forte do disco é o humor, ainda mais forte, mais satirico e mais presente.

1979 - Joe's Garage - Acts I, II and III

Opera Rock lançada por Frank Zappa. Indiscutivelmente um dos mais complexos e mirabolantes trabalhos lançados pelo mestre. A história de Joe, um jovem que se aventura pelo mundo da música com sua banda e descobre a podridão da política e da humanidade. Meu disco favorito do Zappa.

1983 - The Man From Utopia


Segundo disco do Frank Zappa com Steve Vai na guitarra. Um disco um tanto quanto diferente, menos conceitual, embora o nome possa sugerir o contrário, que o restante de sua obra. Musicalmente falando existem diversas influências, desde suas raízes no R'n'B e Doo-Woop, música mais vanguardista e rock mesclado ao blues e jazz.

Algumas frases emblemáticas:

"A mente é como um pára-quedas. Só funciona se abrí-lo."

"Droga não é o mal. A droga é um composto químico. O problema começa quando pessoas tomam drogas como se fosse uma licença para poderem agir como babacas."

"Conduzir uma orquestra é abanar as mãos ou um pedaço de pau, criando desenhos no ar, onde são interpretados como mensagens musicais por gente de fraque, que preferiria estar pescando."

"Sem música para decorar, tempo é só a monotonia de prazos de entregas e contas à pagar."

"Sem um desvio do normal, progresso é impossível."

"Se você quer trepar, vá à faculdade. Mas se você quer aprender alguma coisa, vá à biblioteca."

"Se você acabar com uma vida tediosa e miserável porque você ouviu seus país, seus professores, seu padre ou alguma pessoa na televisão, dizendo para você como conduzir a sua vida, então a culpa é só sua e você merece."

"Meu conselho para quem quer ter uma criança sadia e feliz é mante-la o mais longe possível de uma igreja. Crianças são ingênuas e confiam em todo mundo. Escola já é ruim mas se levá-la para a igreja, então está querendo mesmo problemas."

"Estupidez até pode ter um certo charme. Ignorância não."

"Alguns cientistas acreditam que hidrogênio, por ser tão abundante, é o elemento básico do universo. Eu questiono este pensamento. Existe mais estupidez do que hidrogênio. Estupidez é o elemento básico do universo."

"Existe mais canções de amor do que qualquer outro tipo. Se canções influenciasse as pessoas, amaríamos uns aos outros."

"Pessoas consomem produtos via respiratória para poderem diminuir seu nível intelectual e assim poderem se sentir parte da turma. Afinal, ninguém gosta de andar com quem é mais inteligente do que você. Isto não é divertido."

Vídeos:

Why does it hurt when i pee?

Joe's Garage

Bobby Brown

Zomby Woof

King Kong





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