sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Rogério Skylab

Eu to sempre dopado

Rogério Skylab em uma de suas inúmeras aparições no programa do Jô.


Eu já conheço a algum tempo a figura expressiva, escalafobética e escatológica desse senhor da música popular brasileira, rótulo que sempre achei muito vago e pouco usual, mas paradoxalmente tão aplicável para esse ícone da música alternativa, sendo que de popular ele não tem muito. Porém apenas essa semana decidi fazer um breve texto sobre esse cantor, compositor e poeta brasileiro.

Ex-funcionário do Banco do Brasil, por mais de vinte e sete anos, ele é carioca e começou sua carreira artística, de forma independente, no início dos anos 90. Seu primeiro trabalho, Fora da Grei, difere um pouco da série de discos posteriores, enumerados por algarismos romanos. Vale ressaltar que seu estilo musical é indefinido. Ele gosta de dizer que é rock de garagem, ao menos vi ele se definir assim em alguma de suas inúmeras aparições no programa do Jô Soares.

Mas suas influências voam por diversos estilos. Do rock garagem dos anos 60 e 70, ao hard rock e heavy metal, passando pelo punk oitentista, pela mpb, bossa nova, chorinho, seresta, bolero, música caipira, samba/samba-rock e diversos outros gêneros. Skylab se aprofunda em tudo, mesmo não sendo especialista em nada. Um paradoxo ambulante.

Suas letras são um espetáculo a parte. Disfarçadas de escatologias baratas e repugnantes, humor negro ácido e sátiras de personalidades de renome público, se esconde um verdadeiro poeta crítico e inteligente. Poucos conseguem enxergar a verdade por trás da máscara. Diferente das mensagens metafóricas das canções da MPB dos anos 60 e 70, nas quais os artistas queriam apenas disfarcar o conteúdo crítico, para que a censura militar não os importunasse, Skylab aparenta querer brincar com o ouvinte. Enquanto artistas como Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, a dita "nata" da MPB (que para mim não tem nada de nata, são apenas uns velhos que lançaram duas ou três boas canções e viveram disso pelo resto de suas carreiras, se apoiando em músicas de qualidade, lírica ao menos, duvidosa e questionável), tentavam ocultar o carater político de suas canções, Skylab faz questão de ocultar o carater critico político-social, mas de forma provocativa e ácida, tão ácida que faz derreter o cérebro de quem ouve. Pessoas com menos capacidade encefálica, ou que estejam tão atrelados a cultura pop, podem se confundir, achando que ele é apenas um maluco. Mas meus caros. Em um mundo onde criacinhas de cinco anos "descem até o chão" e orgias de proporções homéricas, que deixariam Calígula envergonhado, chamadas "micaretas", "Baile funk" ou qualquer que seja o nome, são consideradas normais, Skylab é um lúcido em meio a um mar de incautos, neófitos e abobalhados que esperam desesperadamente a vinda do juízo final, para expurgar todos seus pecados.

Quanto a questão, da comparação com artístas da mpb, considero sim que foram períodos diferentes. Não discarto, a breve, porém importante contribuição que esses nomes deram para a cultural musical brasileira. Contudo, são demasiadamente endeusados, sendo que conforme o passar dos anos sua música perdeu o viés político-social e começou a se tornar tão padrão/popular quanto qualquer Daniela Mercury ou Cláudia Leite, dependendo de sua geração absurdamente inerte.

Sendo assim, Skylab, o poeta dos poetas marginais, acaba por ser absorvido por uma amálgama terrível de dilacerações culturais mediocres que vemos na televisão. Ele e tantos outros artístas, independentes principalmente, que mereciam, por sua qualidade, criatividade ou experimentalismo, estarem encabeçando, não somente a vanguarda, mas também a frente popular da música e das artes. Infelizmente, se isso acontecessece deixaria de ser vanguarda.

Um abraço, e fiquem com a discografia e dicas de músicas do Skylab:
  • 1992 - Fora da Grei
  • 2012 - Abismo e Carnaval

Série Skylab

  • 1999 - Skylab
  • 2000 - Skylab II - Ao Vivo
  • 2002 - Skylab III
  • 2003 - Skylab IV
  • 2005 - Skylab V
  • 2006 - Skylab VI
  • 2007 - Skylab VII
  • 2008 - Skylab VIII
  • 2009 - Skylab IX - Ao Vivo
  • 2011 - Skylab X

Série Skygirls

  • 2009 - Skygirls

com Orquestra Zé Felipe

  • 2009 - Rogério Skylab & Orquestra Zé Felipe

Coletâneas

  • 2002 - Tributo ao Inédito (Compilação com 10 bandas independentes cariocas)
  • 2008 - Tributo ao Álbum Branco (Compilação de diversos músicos brasileiros prestando uma homenagem em forma de covers ao álbum The Beatles, o "Album Branco" dos Beatles)
  • 2010 - The Best of Rogério Skylab (Compilação de diversas músicas que estão entre o "Skylab" até o "Skylab VIII")



    SUGESTÕES DE MÚSICAS:

    EU TO SEMPRE DOPADO


    MOTO_SERRA


    MATADOR DE PASSARINHO

    CARROCINHA DE CACHORRO QUENTE
    HINO NACIONAL DO SKYLAB
    VOCÊ VAI CONTINUAR FAZENDO MÙSICA?


    FONTES DE DISCOGRAFIA: pt.wikipedia.org

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Meus 10 filmes favoritos de velho oeste

Aqui vou listar meus filmes favoritos do velho oeste. Sim, adoro esse tipo de filme. Recordo-me de assistir diversos desses filmes na rede record. Não necessariamente os que citarei, esses foram os que assisti depois de adulto, podendo assim fazer uma resenha mais precisa, menos nostálgica também. Lógico, tudo que me lembro da época que era criança eram tiros e areia, rosh. Nada muito profundo, sequer me lembro de personagens ou histórias. Contudo, o estilo faroeste, western, velho oeste ou popularmente conhecido como "bang bang" (como dizia meu avô), é um dos estilos mais legais, e muitas vezes, mais profundo. Antes algumas menções honrosas:

* O Grande Roubo do trem (1903)
A famosa cena do tiro em direção a platéia
Título original: The Great Train Robery
Direção: Edwin S.Porter
País: EUA

Embora o primeiro filme de velho oeste da história seja Kit Carson (1903), "O Grande Roubo do Trem" acaba sendo mais importante e mais lembrado. Sabendo que o mesmo ainda nem havia acabado de vez, presenciando seus últimos dias até o meio da década de 10 do século 20, temos uma pérola daqueles períodos obscuros do cinema. Em aspectos técnicos também inovou, trazendo as primeiras filmagens de áreas externas e narração mais realística que os fantasiosos filmes de George Mèlies por exemplo.

* No Tempo das Diligências (1939)
Um clássico da época mais "inocente" dos faroestes
Título Original: Stagecoach
Direção: John Ford
País: EUA

O filme que levou John Wayne ao estrelato em Hollywood. Um dos mais emblemáticos e dramáticos filmes de John  Ford, e possivelmente um de seus mais lembrados e emblemáticos filmes, ao lado de "Como era verde meu vale". A importância desse filme é inegável. As paisagens e panorâmicas de Ford, uma das características mais marcantes no visual de seu trabalho, marcam esse que é considerado um dos filmes mais importantes do faroeste clássico de Hollywood.


Agora, vamos a lista propriamente dita:

10 - Wyatt Earp (1994)
Impreciso historicamente? Talvez. Mas um ótimo filme.
Título Original: Wyatt Earp
Direção: Lawrence Kasdan
País: EUA

Ao longo dos anos foram feitos muitos filmes sobre Wyatt Earp. Ele foi uma figura "lendária" do velho oeste. Quero dizer, ele existiu, muitos o consideram um verdadeiro herói, outros o consideram um bêbado brutal e trapaceiro. A verdade é que existe um mito muito grande em torno de Earp, e durante anos tanto o mito quanto o homem foram explorados no cinema. Desde a interpretação heroica de Henry Fonda em "Paixão de Bravos" (My Darling Clementine de 1946), passando por "Sem Lei e Sem Alma" (Gunfight at the O.K. Corral de 1957). com Kirk Douglas como Doc Holliday e Burt Lancaster como Wyatt Earp, mostrando como principal evento o tiroteio de O.K. Corral, e até "Tombstone - A Justiça está chegando"  (Tombstone de 1993), com Val Kilmer como Doc e Kurt Russel como Wyatt, se baseando bastante no filme com Russel e Lancaster. Cito Doc Hollyday, pois foi um importante amigo (e personagem nos filmes) de Wyatt Earp. Enfim. Diferente dos citados, o épico "Wyatt Earp" de 1994, conta com Kevin Costner na figura do irascível xerife e Dennis Quaid como o tuberculoso e esperto Doc Hollyday. A trama gira em torno da vida de Earp, basicamente podendo ser dividido em duas partes. Os eventos antes de Dodge City e Tombstone (seu envolvimento com a lei e o tiroteio em OK.Corral) e os eventos após isso, até sua morte em meados do século XX. A carga dramática do filme é grande e as cenas de ação são fantásticas. Não é um filme totalmente fiel ao verdadeiro Earp, sabe-se que ele nunca foi o grande herói que a história norte-americana tenta retratar, tão pouco foi um simples bruto. Foi um homem comum, com defeitos e qualidades inerentes a qualquer outro ser humano. Contudo, ficamos admirados com a interpretação contida, porém genuína de Costner. Quaid dá um show a parte como o tuberculoso doutor pistoleiro Doc Hollyday, sendo um personagem tão, ou até mesmo mais, interessante que o próprio Earp. Confiram quando puderem.

9 - Bravura Indomita  (2010)
O "Marshall" Rooster Cogburn
Título Original: True Grit
Direção: Joel e Ethan Coen
País: EUA

Obra de adaptação do livro "True Grit" do escritor Charles Portis. Adaptado anteriormente em 1969, com John Wayne no papel do agente federal bêbado e truculento, Rooster Cogburn. Apesar do filme original ser um grande filme de faroeste, aos moldes clássicos de Hollywood, e ser o único oscar da carreira de Wayne (na verdade, seria mais um presente da academia, visto que o próprio Wayne não achou justo ganhar o oscar naquele ano, sabendo que outros atores o superaram em outros filmes, mas isso não vem ao caso), é como se o personagem do mesmo fosse uma amalgama satírica de todos seus personagens anteriores. E, na minha opinião, esse é o ponto mais interessante do filme de 1969. Em geral o filme é um faroeste de sessão da tarde. Parado, inocente, superficial. Só esquenta mesmo na meia hora final (a primeira vez que assisti, depois de ter visto a adaptação dos irmãos Coen, só consegui assistir a primeira hora de filme, a hora restante tive que assistir no outro dia). Mas chega de falar do filme de 1969. A adaptação dos irmãos Coen (Fargo - Uma comédia de erros, Onde os fracos não tem vez, Arizona Nunca Mais, O Grande Lebowski e outros filmes, que demonstram o talento dos irmãos, tanto como roteiristas tanto como diretores) é sombria, é violenta e é maravilhosa. Trás a tona um brilho sinistro e desesperador que faltava no original. A atuação de Jeff Bridges como Rooster Cogburn é impecável. Muito mais sujo, bêbado e visceral que John Wayne. Hailee Steinfeld, interpreta a "heroína", de apenas 14 anos, da história, Mattie Ross. E que interpretação. Muito mais convincente que a bobinha, ingenua e superficial Kim Darby do filme de 1969. O papel do Texas Ranger, novato e atrapalhado, La Boufe (se fala "La Beffe", segundo o próprio) de Matt Damon, também dá uma surra bem dada no ator do filme anterior, Glenn Campbell, que se daria muito melhor como cantor de folk e country do que como ator.
A história gira em torno da busca de vingança de Matie Ross contra Tom Chaney (Josh Brolyn), um bêbado safado que matou seu pai. Ela contrata Cogburn (em sua primeira cena está numa latrina, gritando que seu intestino está desarranjado) para fazer o serviço. Daí para frente temos um faroeste soturno (e alguns momentos cômicos) sobre uma perseguição. O roteiro propõe debates sobre questões éticas e morais do personagem Rooster Cogburn, assim como até que ponto pode ir uma vingança, que ponto vale a pena arriscar a própria vida e se vingança é justiça. Lógico, não é nada aprofundado, como em outros filmes (que irei citar mais adiante), contudo é um filme que tem potencial para atingir o status de clássico.

8 - Matar ou morrer  (1952)
Faroeste tenso; Esse é "High Noon"
Título Original: High Noon
Direção: Fred Zinnemann
País: EUA

O ator Gary Cooper já era um veterano do cinema, prolifico e polivalente, lembrado por atuações que vão do western a dramas, filmes de guerra e comédias, quando protagonizou este clássico do western. Um filme psicológico. Começa com o dia do casamento do personagem de Gary Cooper, Will Kane. Ele descobre que Frank Miller (Ian MacDonald), um bandido que ele prendeu, está solto e jurou se vingar. E vai chegar com seu bando para matá-lo no trem do meio dia. O Filme começa por volta das 10:30h, e se passa em tempo real. A tensão crescente e o comportamento relutante de Kane fazem o tempo, ao paradoxalmente, passar lentamente e também muito rápido. Quero dizer, você fica tenso, vê que parece uma eternidade para o personagem, mas o filme flui que é uma beleza. Um homem que se encontra abandonado por seus amigos e colegas para enfrentar um bando sozinho. Seu comportamento, quase covarde, é muito mais realista e palatável do que o comportamento de grandes heróis do velho oeste. Sendo um dos filmes mais originais e interessantes até então feitos sobre o tema, Matar ou Morrer é uma obrigação para quem se considera fã do gênero.


7 - Por um punhado de dólares/ Por uns dólares a mais (1964/65)  *
O homem sem nome e de poucas palavras
* Parte 1 e 2 de uma trilogia

Título Original: Per un Pugno di Dollari / Per qualche dollaro in più
Direção: Sérgio Leone
País: Itália

Esses são os dois primeiros filmes de uma trilogia dirigida pelo cineasta Italiano (mestre e um dos reinventores do gênero western, Sérgio Leone). Citarei os dois filmes aqui e o terceiro, é tão mais fantástico que reservei um lugar a parte. Sem mais spoilers por enquanto. O primeiro filme apresenta o lacônico e errante homem sem nome, interpretado pelo grande e "foda" (desculpem a empolgação, sou fã desse cara) Clint Eastwood. Baseado na obra "Yojimbo" de Akira Kurosawa, há uma desconstrução do mito do velho oeste. Eastwood chega em uma cidade ao sul dos EUA (divisa com México) e praticamente "acende uma vela para Deus e outra para o Diabo". Começa a trabalhar para um grupo de bandidos e para o povo da cidade. No segundo filme Eastwood caça a recompensa por um bandido chamado El Indio. Lee Van Cleef (outro icônico ator de faroestes) interpreta o Coronel Douglas Mortmer, que também está atrás da caça. Eles decidem se unir, depois de algumas desavenças. Essa trilogia, que ficou conhecida como "trilogia dos dólares", acabou por ser uma forma de "padrão" para os filmes do Western Spaghetti, filmes de faroeste de baixo orçamento produzidos na Itália, durante a década de sessenta e setenta. Isso, além do fato de serem feitos na Itália, pela uso excessivo de violência e sangue. Não creio que seja excessivo, filmes de faroeste precisam de violência, eram tempos selvagens. Que graça tem um filme western sem um pouco de tiros e sangues? Eu digo, nenhuma.  A desconstrução do mito feito em cima do herói de atitude moral inabalável se torna, o que sempre foi, um mito mesmo. Aqui, o homem sem nome, Eastwood, é visto como uma espécie de justiceiro, um caçador de recompensas amoral, um anti-herói. Ainda que seja um homem bom (não mata sem necessidade e procura ajudar as pessoas), ele não demonstra muitos sentimentos e age de maneira agressiva, mesmo que racional e planejada. Dois clássicos que devem ser vistos com a devida emoção.

6 - O Homem que matou o facínora (1962)
Wayne descontruindo o esteriotipo que ele mesmo ajudou a construir
Título Original: The Man Who Shot Liberty Valance
Direção: John Ford
País: EUA

Na minha reles opinião esse é o segundo melhor filme de John Ford (o primeiro vem a seguir). Mas é como dizem, opinião é algo muito pessoal e subjetivo. Enfim. John Wayne (uma constante em filmes do John Ford) interpreta o homem do título, o tal cara que matou Liberty Valance, esse sendo o tal facínora do título em português. Wayne é Tom Doniphon, que mata Valance (Lee Marvin) pelas costas. Outro personagem, o advogado Ransom Stoddard (James Stewart), acaba levando a fama de ter matado um dos mais desumanos e sanguinários bandidos do velho oeste. Isso faz ele se tornar um homem reconhecido e querido por todos, ganhando prestígio na sociedade. O Filme brinca com a premissa de que a lenda é melhor que a verdade. Sendo que Stoddard vira a lenda e Doniphon é a verdade. Filmado em estúdio, acaba sendo um contraponto dramático e melancólico em relação as grandes filmagens em cenários abertos e locações externas dos clássicos de Ford.

5 - Rastros de Ódio (1956)
John Wayne na cena incial de "Rastros de ódio"
Título Original: The Searchers
Direção: John Ford
País: EUA

Acredito (minha opinião) que esse seja o filme mais interessante e "desconstrutivo", em relação a "lenda do oeste americano", de John Ford. Um dos primeiros filmes de faroeste a estabelecer temas mais sérios e complexos. Ethan Edwards (John Wayne) volta da guerra civil e se apaixona pela sua cunhada Martha (Dorothy Jordan). Em algum momento que ele sai da fazendo, seu irmão e sua mulher são mortas por índios comanches e sequestram suas duas sobrinhas. Ethan então parte em uma busca de vingança. Mais do que um enredo simples, a trama se sustenta em dois pontos. O primeiro, de aspecto mais técnico, é o uso perfeito de paisagens externas e cenários gloriosos, magníficos dos desertos do Arizona. Ford é um diretor que sabe usar esse tipo de recurso. O segundo aspecto, parte da postura do personagem de Wayne. Ele é um praticamente um psicopata homicida com um ódio racial enorme pelos índios comanches. Essa questão é tratada de modo natural, não soa forçada como em alguns filmes mais modernos. Ethan busca sua sobrinha, porém segundo outro personagem, Martin (Jeffrey Hunter), sua busca é devido ao amor que ele sentia pela cunhada, e sua real intenção (de novo, segundo Marvin, ou ao menos como ele imagina), não é resgatá-la, mas sim matá-la, pois ele acredita que ela se "contaminou" com o contato prolongado com os comanches. O filme é uma desconstrução do mito do faroeste, mostrando um anti-herói irascível, implacável e beirando o psicótico. O debate racial é o tema polêmico do filme, mesmo que não seja uma questão aberta, ele deixa isso bem claro para os que querem entender. Lógico, há temas fortes, como estupro e uma relação platônica que beira o incesto (por mais que não haja evidências concretas ou consumação do ato) e a insanidade por parte de Ethan com sua sobrinha. Isso tudo é muito controverso, porém o racismo era um tema MUITO delicado em um Estados Unidos segregado racialmente.


4 - Meu ódio será sua herança  (1969)
Os quatro cavaleiros do apocalypse (ou quase isso)
Título Original: The Wild Bunch
Direção: Sam Peckinpah
País: EUA

O Diretor Sam Peckinpah não ficou conhecido por ser um cineasta comedido ou suave. Pelo contrário. Ele é visceral, chocante e bruto em sua direção. Filmes que seguiram "Meu ódio será sua herança", deixam isso bem claro (vide "Sob o domínio do medo" ou "Tragam-me a cabeça de Alfredo Guarcia"). Nesse western temos uma visão aterradora e uma sensação de "futuro incerto" para o estilo de vida dos pistoleiros e foras da lei do velho oeste. Uma sensação de "querer voltar no tempo", também toma conta de nós quando o assistimos. Querer reparar os erros, mas sem se arrepender de quem foi ou do que fez, praticamente uma versão cinematográfica cheia de tiros, sangue e ´ódio da famosa canção, eternizada por Frank Sinatra, "My Way". Salvo as proporções, obviamente. Mas enfim. A história se passa em 1913, final do período conhecido como "Velho Oeste". Com a chegada de adventos como o carro e a luz elétrica, o estilo de vida tradicional dos cowboys e foras-da-lei se torna estranho e obsoleto. Isso é o que o grupo de protagonistas do filme sente na pele. Robert Ryan interpreta Derek Thornton, amigo (ou "ex-amigo", se é que isso existe) e ex-comparsa de Pike Bishop (William Holden), que o persegue por causa de um assalto mal sucedido no inicio do filme. Pike Bishop conta com a ajuda de seu bando de seguidores. Em meio a perseguição acabam indo parar no México. Lá percebem que, muitas vezes, um governo dito "legítimo" pode cometer atrocidades piores do que a do mais terrível criminoso. O desfecho do filme é uma orgião de destruição em massa, com tiros de gatling gun e o bando de 4 homens (spoiler) morrendo, porém levando juntos um verdadeiro exército mexicano, tudo em vingança pela morte de um dos amigos. Um filme violento? Sim. Violência gratuita? Não. É necessária par ao desenvolvimento do ótimo (porém simples) enredo sobre redenção e honra perante a morte iminente. 

3 - Três Homens em Conflito * (1966)
* Terceira parte da trilogia dos dólares
O bom, o mal e o feio
Título Original: Il Buono, Il Bruto, Il Cattivo)
Direção: Sérgio Leone
País: Itália/Espanha

Agora vai ficar tenebroso o negócio. Daqui em diante são três filmes que considero os melhores faroestes já filmados. Dois do mesmo diretor. Vão além de serem simples filmes de faroeste. São obras atemporais, que mesclam alegorias políticas e criticas sociais com muito sangue, vingança e destruição. O filme "Três homens em Conflito" do diretor Sérgio Leone, fecha a trilogia dos dólares. Mas ele é tão mais profundo, tão mais visceral, tão mais emocionante e épico que os dois anteriores, que achei MUITO injusto citá-lo junto aos anteriores. Não necessariamente é uma trilogia que tenha uma ligação histórica. A única coisa que conecta os três é o fato do mesmo personagem lacônico e sem nome, ser interpretado pelo cativante Clint Eastwood (o "bom" do título em italiano, mesmo que essas pré-definições sejam superficiais). Se for exatamente o mesmo personagem (o que é questionável), podemos inferir que esse filme se passa antes dos dois anteriores da trilogia, visto que apenas no final da película que Eastwood encontra seu famoso Poncho, junto ao cadáver de um militar da guerra civil norte-americana. A trama se inicia em algum momento da guerra civil, entre 1861 e 1865. Lee Van Cleef (interpretando o "bruto" ou "mal" do título), é um caçador de recompensas e oficial do exército confederado, que é chamado somente de "Olhos de Anjo". Ele é um "agente duplo". Mata tanto o alvo que foi contratado para matar, quanto o mandante do crime. Ao mesmo tempo Eastwood trabalha junto com o ator Eli Wallach, que faz o personagem Tuco. São dois trambiqueiros fora-da-lei. Tuco é o tal "cativo" (ou feio, no título em inglês) do título, um mexicano fora-da-lei que é procurado em diversos estados. Tuco comumente chama o homem sem nome de loirinho. Eles tem o seguinte esquema. Loirinho leva Tuco como prisioneiro até alguma cidade que ofereça recompensa pelo mesmo. Recebe o dinheiro e vai embora. Entretanto, ele se esconde atrás de alguma pedra ou algo do tipo e atira na corda que irão usar para enforcar Tuco. Não antes de mandar um cavalo ao resgate de Tuco. Tudo muito bem sincronizado. Assim eles dividem a recompensa e fazem o plano novamente em outra cidade. Descobrem, no entanto, que existe um tesouro confederado escondido em um cemitério. Loirinho trai tuco, que trai loirinho, depois se unem novamente, depois acabam por ser presos pelo olhos e anjo e a história segue. Uma velocidade boa para os diversos acontecimentos do filme. Mas a parte mais gratificante, e com certeza a mais famosa, do filme é a cena do duelo (ou trielo) triplo entre Loirinho, Tuco e Olhos de Anjo. Uma cena muito tensa e envolvente, com closes extremos nas faces e olhos dos três homens em conflito. A trilha sonora do mestre Ennio Morricone só aumenta a tensão e suspense do que vai acontecer. Um filme no qual a história, apesar de boa e bem construída, não é tão importante quanto a construção dos personagens e a tensão crescente na busca pelo ouro confederado. A trama política (guerra da secessão) não é algo explorado de modo profundo, serve mais como apenas uma contextualização histórica. Mas devido ao seu carisma emocional e a tensão absurda que Leone trouxe para a tela, faz com que "Três homens em conflito" seja um dos melhores faroestes já produzidos.

2 - Era Uma vez no Oeste (1968)
Bronson prestes a eliminar três pobres diabos
Título Original: C'era una volta il West
Direção: Sérgio Leone
País: Itália/EUA

O primeiro filme de uma nova trilogia de Sérgio Leone, seguido por "Giù la testa" (ou "A Fistful of Dynamite", ou ainda "Once Upon a Time... The Revolution" ou até "Quando explode a vingança") de 1971 e "Once upon a time in America" (Era uma vez na América) de 1984. O primeiro filme de faroeste que tem uma trama verdadeiramente envolvendo política e economia como mote para assassinatos que geram parte da trama da película. O começo do filme é uma cena muito pacata. Três homens mal encarados estão numa estação de trem. Um mosquito e uma goteira os perturbam enquanto esperam a chegada do trem. Durante alguns minutos acompanhamos a crescente cena, que é ao mesmo tempo que parece ser maçante é também muito tensa, talvez devido a longa espera pelo trem, sentimos o mesmo desconforto que os tais homens. Depois de alguns minutos chega o trem. Desce um ainda jovem, com poucas rugas e sem bigode, Charles Bronson. Ele apenas pergunta: Onde está o Frank? E começa um tiroteio. Apenas Bronson permanece vivo. Ele pega suas coisas e caminha. Logo o filme se move para um pai acompanhando seu pequeno filho em uma caçada. Eles voltam para casa e nos é revelado que a nova esposa do homem vai chegar, enquanto sua filha e os outros filhos estão arrumando uma mesa para um possível banquete. Do horizonte chegam alguns homens que matam a família. Apenas o menino mais jovem sobrevive, infelizmente por pouco tempo. Leva um tiro na cara do temível, cruel e implacável assassino Frank (interpretado por Henry Fonda, em um papel totalmente oposto aos heróis de seus antigos filmes). Descobrimos que esse assassinato foi feito para impedir que o dono da propriedade construísse uma estação de trem. A linha ferrea estava chegando na região e lá era o único lugar com fonte de água potável em quilômetros. Isso o tornaria um homem rico. Morton, (Gabrielle Ferzetti) um magnata das ferrovias, é o mandante do crime. Isso é uma sub-trama política que Leone usou para dar mais embasamento a seu trabalho, o que funciona muito bem, visto que em uma terra sem lei (ou quase sem lei) a bala é a lei. Bronson faz o papel de Harmonica, (Gaita em inglês), conhecido assim porque anda sempre tocando uma gaita. Seu papel é taciturno, e representa uma continuação espiritual do mesmo personagem sem nome de Clint Eastwood. Características parecidas, porém personagens diferentes. Ele conhece Chayenne (Jason Robards), um líder de um bando de ladrões. Chayenne é confundido, deliberadamente, como o autor do crime, pois Frank usou um sobretudo que apenas os membros da gang de Chayenne usariam. Descobrimos, principalmente em diálogos com Jill McBain (Claudia Cardinale), então futura esposa e atual viúva de Brett McBain (Frank Wolff),  é na verdade um bom homem, com princípios morais particulares, mas endurecido por sua vida. Nada muito aprofundado, mas dá para inferir sobre sua vida, através dos diálogos. A história se desenrola de maneira muito natural e criativa. Em certos momentos não sabemos realmente quem é o real vilão e quem é o herói. Claro, há uma ténue linha que impede sentirmos qualquer sentimento bom por Frank, exceto um pouquinho de carisma em alguns poucos momentos, mas no restante sentimos um pouco de raiva de seu comportamento. Harmonica demonstra ser um personagem além do lacônico lobo solitário. Sua motivação não é puramente uma mistura de vago altruísmo e cobiça, como o personagem sem nome de Eastwood, mas sim um espirito movido por vingança, sem ganancia nenhuma pelo ouro. Por mais que seja um personagem pouco expressivo, e muitas vezes nos questionemos se é o "protagonista" da trama, é com certeza o fio que liga todos os eventos e transforma esse western em um dos maiores clássicos atemporais do gênero  Uma atuação contida, sincera e, dentro dos limites do ator Charles Bronson, impecável e maravilhosa. Mais profunda do que podemos imaginar apenas em uma pequena "olhada" nesse filme, ou em comparação a outros personagens mais "tradicionais" do mesmo.

1 - Os Imperdoáveis  (1992)
O Melhor faroeste
Título Original: Unforgiven
Direção: Clint Eastwood
País: EUA

Eis o melhor faroeste já feito. E acredito que muitos concordarão comigo. O roteiro desse filem já existia a muito tempo, porém apenas Eastwood teve (assim como a espada justiceira deu ao Lion, em Thundercats) a visão além do alcance, (ossa, desculpem a péssima piada, juro que vou melhorar) e resolveu transformar em filme. Uma completa destruição e reconstrução do mito norte-americano do velho oeste. Já vimos filmes assim, mas nenhum como esse. Não há heróis altivos, mulheres lindas, vilões cruéis ou pessoas completamente boas ou ruins. São humanos, em sua plena e completa imperfeição. Eastwood interpreta William Munny, um ex-pistoleiro bêbado e matador que foi "reformado" pelo amor de sua falecida esposa. Agora ele vive em uma fazenda isolada, cuidando de seus filhos, apenas querendo paz. Quando uma prostituta tem sua face dilacerada por um cliente, pois ela riu do tamanho...digamos, do tamanho da pistola do pistoleiro, as outras prostitutas exigem que o xerife Little Bill (Gene Hackman em atuação fantástica) faça alguma coisa. Bill se sente coagido pelas meretrizes, porém não quer tomar atitudes drásticas, pois acredita que esses pistoleiros são homens que podem trazer dinheiro para sua cidade (Olha a política aí). As prostituas então decidem juntar suas economias e oferecer uma recompensa para quem matar o pistoleiro. Schofield Kid (papel de James Woolvett) vai atrás de William Munch, pedindo ajuda. Relutante, ele aceita, apenas se puder levar seu ex-parceiro junto, Ned Logan (numa ótima atuação de Morgan Freeman). Mais do que o dinheiro, para poder sustentar suas respectivas famílias, eles buscam manter sua humanidade ajudando as prostitutas. Enquanto isso, Richard Harris interpreta o pistoleiro English Bob, acompanhado de seu jornalista contratado, que está escrevendo um livro intitulado "The Duke of Death" (O Duque da morte), no qual narra as matanças e terríveis atrocidades de English Bob como histórias épicas de um herói renegado, uma clara alusão aos antigos filmes de "bang bang" que reinventavam a verdadeira cara do meio-oeste norte-americano. English Bob quer a recompensa pela cabeça do pistoleiro que mutilou a prostituta, porém Little Bill não aceitará isso. E a história se segue. Em muitos momentos William Munch (o personagem de Eastwood começa contido, no final se tornando um explosivo, e aguardado, amálgama de todos os pistoleiros lacônicos que fez no passado) diz que seu comportamento violento do passado era por causa da bebida, e se mantem como um fiasco para seu "discípulo", Schofield Kid. A verdade é que os personagens são homens, que sentem medo, dor, ódio, alegria, amor e remorso, esse último sentimento é descrito por W.Munch quando Kid pergunta "como é matar um homem". Hackman ganhou o oscar de ator coadjuvante, Eastwood ganhou seus primeiros dois oscars como cineasta (por melhor diretor e melhor filme). Mostrando de vez que Eastwood traria muito orgulho a seus mentores, Sérgio Leone e Don Siegel, os quais são homenageados nos créditos finais.


Enfim, esses são os filmes de faroeste mais impressionantes entre os que eu assisti, e olha que não foram poucos. Muitos vão gostar, outros nem tanto, alguns até odiarão. Mas fazer o que, não se pode agradar a todos. E lembrem-se, isso não represente uma verdade absoluta, ao contrário de outros críticos de cinema (ou música ou qualquer outro tipo de arte), não quero propor "verdades", apenas estou tecendo meus comentários sobre determinadas obras que considero pertinentes. Um abraço e vão assistir os filmes indicados. Vale a pena.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

10 filmes que você deveria ver

10 filmes que você deveria ver, mas que provavelmente não vai assistir só porque eu falei, ou talvez não...vai saber...

       Os filmes que irei citar aqui são obras cinematográficas que provavelmente você até deve ter ouvido falar, conhece alguém que assistiu, ou então, se for apenas um "assistidor de blockbusters" nunca deve ter ouvida falar de nenhum. São aqueles filmes que são bons, alguns geniais, mas que você provavelmente nunca irá assistir, porque tem preguiça de procurar ou simplesmente por achar que "filmes bons são filmes famosos". Besteiras a parte, existe muito "lixo cult", assim como "lixo mainstream". Contudo eu prefiro os bons filmes, sejam independentes, cults, blockbusters, o escambau. Mas chega de lenga lenga, vamos lá:

Ordem cronológica:

10 - O Nascimento de uma nação

País: EUA
Direção: D.W. Griffith
Ano: 1915

       Filme polêmico, mesmo em sua época, gerou diversos protestos de organizações ligadas as pessoas negras. O filme é um épico (mais de 3 horas) mudo e P&B, dividido em duas partes. Inspirado na obra de Thomas Dixon, "The Clansman: An Historical Romance of the Klu Klux Klan", é uma livro (e um filme) com certo teor racista (eu diria ALTO TEOR racista). A primeira parte retrata o período pré-Guerra Civil, no qual duas famílias, uma do norte e outra do sul, contam a história da película. Os esteriótipos raciais são muito explorados. A segunda parte mostra a ascensão da KKK (Klu Klux Klan), que são apresentados como "heróis". Apesar da melhor obra de Griffith ser "Intolerância", filme de 1916, que tem uma história muito menos controversa, mas com conteúdo interessante, reflexivo, o filme "O Nascimento de uma nação" é uma marca em questões técnicas e narrativas. Tirando a temática de caráter duvidoso, deve-se olhar como uma obra a frente (ou atrasada, depende do ponto de vista) de seu tempo...  (E deixo bem claro, sou contra o tema do filme, não me venham com churumelas, rsss)

9 - O Gabinete do Dr.Caligari

País: Alemanha
Direção: Robert Weine
Ano: 1919

        Esse é um filme que influenciou quase uma década de produção alemã. Um dos pontapés iniciais do movimento expressionista alemão na sétima arte. Quanto a qualidade técnica não há grandes inovações. Uma câmera fixa. O que o filme trás de novo é a influência da estética expressionista. Locações fechadas de estúdio, sombras deformadas e cenários totalmente distorcidos, causando grande sensação de claustrofobia e desconforto. Filmes que se seguiriam depois, como "Nosferatu - Uma sinfonia de horror" (1922), "A Carruagem Fantasma" (1921) entre outros, mostrariam grandes influencias dessa estética estranhamente bizarra. A história envolve o charlatão hipnotizador Dr.Caligari e seu sonambulo e catatônico Cesare. Caligari o usa para cometer diversos crimes. Em determinado momento descobrimos que o Caligari era na verdade um diretor de hospício que havia ficado louco. O que acontece é que há um filme dentro de um filme. Um clássico que muita gente torce o nariz por ser P&B, mudo e estranho. Mas isso não tira o fato de ser um clássico.

8 - Metrópolis

País: Alemanha
Direação: Fritz Lang
Ano: 1927

       Outro filme mudo que mudou a cara do cinema. Não é o primeiro filme de ficção cientifica, visto que talvez um dos primeiros filmes sobre o tema seja a obra, "Viagem à Lua" (1902) de George Méllies. Contudo, Metrópolis é um dos filmes mais aclamados do diretor Fritz Lang, da Alemanha e também da ficção-cientifica e até mesmo do cinema em geral. A história distópica de um futuro controlado por poucos, uma sociedade dividida em castas é algo muito explorado. Diversos autores, Aldoux Huxley, George Orwell, Philip K. Dick, entre outros, já falaram sobre o tema (entretanto a maioria depois de Fritz Lang), porém no cinema foi algo novo. O filho do mestre de Metrópolis descobre o que acontece na cidade, a miséria dos trabalhadores. Se une a Maria, uma das líderes dos trabalhadores da baixa cidade. Enquanto isso um dos engenheiros do mestre de Metrópolis cria um robô com feições femininas. Ele substitui Maria e começa, ao invés de incitar os trabalhadores a lutarem por seus direitos, a agir de maneira estranha. Primeiro dança sensualmente em um clube decadente e depois incita uma rebelião de grandes proporções. Um filme que sofreu muito com o tempo, cópias perdidas, cortes das edições originais, remasterizações de qualidade duvidosa... Mas enfim, um eterno clássico.

7 - Sindicato de Ladrões

País: EUA
Direção: Elia Kazan
Ano: 1954

Eis um filme que não assisti por completo. De seus 108 min. (aproximadamente 1 hora e 48 minutos) devo ter visto pouco mais de uma hora, mas não por ser um filme cansativo ou tão pouco ruim. Apenas por falta de tempo e descaso. Confesso, burrice minha. Pretendo terminar de assisti-lo ainda. O que me lembro é o seguinte. A história gira em torno do personagem de Marlon Brando, um ex-pugilista fracassado, chamado Terry Malloy, que se torna "garoto de recados" de um dos grandes chefões sindicais da máfia. O filme mostra a estrutura complexa de poder e corrupção dos sindicatos sob o controle mafioso. Malloy participa involuntariamente de um assassinato de um homem honesto (que dedurou os sindicatos para a polícia). Isso o atormenta, e tudo fica pior quando ele se apaixona pela irmã do falecido. As coisas se desenrolam de forma que Malloy entra em um conflito moral. A partir desse ponto filme começa a ficar cada vez mais interessante e reflexivo. Necessito assistir por completo essa obra, recomendo para todos.

6 - O Sétimo Selo

País: Suécia
Direção: Ingmar Bergman
Ano: 1957

         Ingmar Bergman foi um dos responsáveis pelo "renascimento" do cinema nórdico. No começo do cinema esses países (Suécia, Dinamarca, Finlândia e Noruega) ditos nórdicos foram responsáveis por grande quantidade (e qualidade) de produções cinematográficas. Contudo, após a ascensão de Hollywood e principalmente após as duas grandes guerras, o foco da produção de filmes se direcionou para os EUA, deixando quase isolados países como esses e suas produções diferenciadas. Max Von Sydow interpreta Antonius Block, um cruzado que retorna 10 anos após uma cruzada sangrenta e tenebrosa. Sua fé em Deus está abalada ao ponto dele considerar repugnante a idéia de acreditar em Deus. Durante o filme Block encontra a morte e jogam xadrez. A partida não reflete apenas a vida de Block, porém também sua fé na religião e na humanidade. A engenhosidade do enredo, a melancolia, e em alguns momentos o humor, fizeram com que, além de ser considerado um dos filmes mais espetaculares do cinema mundial, fosse amplamente influente e até mesmo satirizado. Quem não lembra da cena do filme Bill e Tedd, no qual a morte joga Twister pela vida dos dois estúpidos, porém bem intencionados, juvenis.

5 - A Marca da Maldade

País: EUA
Direção: Orson Welles
Ano: 1958

        Muitos consideram "Cidadão Kane" (1941), a maior obra do diretor, ator, roteirista, produtor e radialista, Orson Welles. Eu acho isso uma tremenda besteira. Quanto mais dizer que Cidadão Kane é o melhor filme já feito, assim como dizem diversas revistas e críticos, altamente questionáveis. Sim, é um ótimo filme. Importante, principalmente em termos técnicos e narrativos, apresentou técnicas de profundidade e enquadramento e aperfeiçoou outras diversas formas de se mover a câmera e fazer arte. Contudo é um exagero dizer que é o melhor filme, tanto porque "A Marca da Maldade" pode ser considerado o melhor filme de Welles.
Quando pegou o roteiro em mãos viu que era uma porcaria e tratou de reescreve-lo. Tornou um filminho b policial em uma das grandes obras do cinema. A história gira em torno do personagem de Charlton Heston, Miguel "Mike" Vargas que se vê envolto em uma trama de corrupção. Welles interpreta o chefe de polícia Quinlan em uma atuação icônica e monstruosamente sádica. Mais um clássico que ficou ofuscado pela mídia babaca e pelos neófitos de plantão.

4 - Dr.Fantástico ou como aprendi a parar de me preocupar e amar a bomba

País: Inglaterra
Direção: Stanley Kubrick
Ano: 1964

        Em pleno período de maior paranoia da guerra fria, o medo que o ocidente tinha de uma ameça nuclear e da "ameaça" comunista, beirava a loucura. Kubrick sabia disso e decidiu transformar a obra "séria" de Peter George (Red Alert nos EUA e Two hours to Doom na Inglaterra), um oficial da Força Aérea Britânica, em uma brilhante e ácida comédia de humor negro. Com Peter Selles (o eterno Inspetor Closeau de "A Pantera Cor-de-Rosa) fazendo três papéis distintos: O oficial da RAF Lionel Mandrake, o presidente dos EUA Merkin Muffley e o próprio Dr.Fantástico. A ousadia e a perspicácia de Kubrick, além do talento nato de Sellers, fazem essa obra se tornar atemporal (raro para um filme com o tema da guerra fria) e perfeita.  Milhões de anos luz a frente de obras importantes sobre o mesmo tema, é um filme peculiar que não é para qualquer um. A cena mais famosa do filme é com certeza a do ator Slim Pickens no papel do Major T.J. "King" Kong, montado na bomba atômica, gritando e cavalgando como se fosse um cavalo ou touro de rodeio.

3 - Chinatown

País: EUA
Direção: Roman Polanski
Ano: 1974

Um drama policial Noir sobre uma grande rede de corrupção em Los Angeles. Jack Nicholson interpreta um detetive que foi policial em Chinatown e se vê envolto em uma misteriosa conspiração. Ao mesmo tempo que mescla a corrupção e tramas políticas com infidelidade e ambiguidade moral, Chinatown apresenta um estudo curioso sobre a Los Angeles da década de 30. Isso fica evidente na trama referente a personagem da atriz Faye Dunaway (Sr,Mulwray). Aparece (com oura atriz representando seu papel) no escritório de Jake Gittes (personagem de Nicholson) pedindo para que ele comprove as traições do marido. Depois de comprovado e encerrado o caso, a verdadeira senhora Mulwray aparece e decide processar Gittes, alegando que nunca o procurou. Logo em seguida seu marido aparece morto e Nicholson descobre um engenhoso esquema de corrupção. A trama segue cheia de reviravoltas. Os temas complexos vão da já citada corrupção até mesmo o incesto. O final catastrófico apenas aumenta a sensação de ambiguidade desse quebra-cabeças cinematográfico e a falta de possibilidade perante a um jogo de poder.

2 - Quadrilha de Sádicos

País: EUA
Direção: Wes Craven
Ano: 1977

          Um dos melhores filmes de terror e, na minha opinião, o melhor filme do diretor Wes Craven. Antes de se tornar conhecido pelo sucesso dos ótimos (e mais futuramente não mais que medianos) filmes da série "A Hora do Pesadelo" e a trilogia "Pânico", Craven lança essa pérola de baixo orçamento, mas muita espirituosidade mórbida. Um estudo interessante sobre racismo, preconceito e intolerância disfarçado de terror e filme de estrada. Uma família de classe média vai de carro para Los Angeles, mas resolve parar no meio do caminho para ver uma mina de prata que foi dada de herança. Não sabem que naquele lugar vive uma família formada por "aberrações" (representando as minorias oprimidas) lideradas pelo mutante conhecido como Júpiter. Esses "mutantes guerrilheiros canibais" sobrevivem de pequenos roubos, dispondo de qualquer instrumento ou arma encontrados pelo caminho. A arrogância da família que vai para Las Vegas é representação da soberba da burguesia e da classe média (assim como da elite dominant... ah chega desse papo pseudo-marxista, kkkk) , tornando-os alvos para a família de canibais sádicos. O filme é repleto de tensão. Não encontrarão uma pérola assim em meio a um mar de mesmice que é o gênero terror, principalmente entre os filmes "slasher" da década de oitenta em diante.




1 - Brasil, O Filme 

País: Inglaterra
Direção: Terry Gilliam
Ano: 1985

          Terry Gilliam é um dos membros do Monty Python. Não costumava a aparecer em cena, mas era um dos diretores, um dos escritores e o cartunista da turma. Durante a década de oitenta ele decidiu investir bastante na direção de filmes versáteis e reflexivos, mas sem deixar de lado seu talento natural, a comédia crítica e cartunesca. A história por si só é bizarra, porém com reflexões interessantes (mesmo que fantasiosas) sobre vertentes políticas. Assim como no livro "1984" de George Orwell (inclusive obra que influenciou muito a criação do filme "Brasil"), há um estado destópico altamente burocrata e paranoico. Uma mistura de fascismo com burocracia britânica e paranoia norte-americana do macartismo. Mas ao contrário da obra de Orwell, no qual o sistema bruto e opressor, funciona como um relógio suíço, a obra de Gilliam mostra o "status quo" como um grupo de "desordenados burocratas paranoicos estúpidos e ignorantes", sendo que logo no começo do filme cai um inseto na impressora e um mandato de prisão para o terrorista Tuttle (interpretado por Robert DeNiro) se transforma em um mandato de prisão para o inofensivo senhor Buttle (Brian Miller). A partir daí o personagem principal, Sam Lowry (Jonathan Pryce), funcionário de nível médio do governo, se vê envolto em uma trama complexa que o leva a se envolver com um grupo dissidente. Ele só consegue escapar da realidade em seus sonhos e fantasias. Na sua imaginação se torna um cavaleiro alado, com uma poderosa espada destruindo monstros e salvando sua amada donzela. Realmente é uma obra fantástica, repleta de criticas políticas e sociais ácidas, disfarçadas de humor, com gags inteligentes, mas que algumas vezes beiram o deboche total, o pastelão e o non-sense.



    Bom gente, uma consideração final.
Existem diversos filmes que eu gostaria de colocar aqui. Contudo os filmes que citei (esse tal, "top 10") são obras considero (ao menos é como vejo por aí), mais "citadas" ou "faladas", do que realmente assistidas, interpretadas e compreendidas, e que, de certa forma, foram relevantes para a produção cinematográfica mundial.
Bom, é isso. Até a próxima.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Os 10 discos mais injustiçados do Rock e do Metal

Os 10 discos mais injustiçados do rock e do metal: Ao menos os que considero mais injustiçados.

Olá meus amigos. Listas de discos mais populares, importantes ou "melhores" são muito comuns. Agora, listas dos discos mais injustiçados, nem tanto. Claro, se procurar no google você acha diversas resenhas e análises desses discos. O que vou fazer aqui é o seguinte, colocar 10 dos discos que considero realmente injustiçados e explicar o porque acredito nisso. Simples, não? Não. Na verdade pensei um pouquinho, deixei alguns de fora e me concentrei naqueles discos que enxergo coisas que a maioria não enxerga. Ou aliás, ouço coisas que a maioria não ouve. Rosh. E por falar nisso, qualidade musical não é subjetiva, ou poderíamos dizer que Funk carioca tem qualidade musical. O que tem, só que não. Rosh. Qualidade musical é um fato, agora, o seu conceito de qualidade musical pode ser subjetivo. Afinal, o que é qualidade musical? Para mim qualidade musical é fugir de um padrão, abster-se de fórmulas mágicas do sucesso e arriscar. Isso é o que estes álbuns que irei citar contém. Fugiram daquele velho padrão. Não que o que tenha sido lançado antes fosse ruim... Não. Pelo contrário. Mas após uma sucessão de clássicos fica difícil manter um padrão sólido e interessante. Poucas bandas conseguem faze-lo. As que não conseguem e tentam mudar, muitas vezes acabam sendo injustiçadas por críticos, pelos fãs, e em algumas raras ocasiões, por elas mesmas.
Vamos parar de lenga lenga e vamos ao top 10 discos injustiçados!



10 - Metallica - And Justice For All (1988)

Em 1986 o Metallica estava no topo do mundo. Era considerada a melhor banda de metal. Shows lotados, vendas em alta. Tudo perfeito. A musicalidade? Porrada na orelha, mas sem esquecer da qualidade instrumental, da melodia. Master of Puppets acabou se tornando um dos maiores clássicos do metal. Até o fatídico dia em que Cliff Burton (baixista) morreu em um acidente de ônibus. Lamentável. Bom, então chamaram Jason Newsted, baixista da banda Flootsam & Jetsam (ótima banda de speed/thrash). Entraram em estúdio e gravaram o disco "And Justice for all". Considero esse o trabalho mais maduro e sólido da banda. Vemos músicas rápidas e thrash's como Dyer's Eve e Blackened. Épicos quase progressivos, como a faixa-título, One e To Live is to Die (melódia composta por Burton e terminada por James & cia em sua homenagem). Outras canções maravilhosas como as pesadas, porém mais compassadas, The Shortest Straw, Harvester of sorrow, The Fraeyd ends of sanity e Eye of the Beholder, completam as nove faixas desse maravilhoso disco. Acontece que a morte de Cliff Burton, aliado ao primeiro vídeo-clip do metallica (One), geraram desconfianças e protestos dos ditos fãs. Começaram os primeiros murmurinhos de que a banda havia se vendido para a MTV... Olha, o disco é realmente menos pesado que os três primeiros. Mas é de longe o mais complexo. Não é fácil escutar se você é uma pessoa que não está acostumada a sonoridades mais ambiciosas. Agora muitos irão falar: Mas os Loads são mais injustiçados.
Realmente, concordo. Mas o caso dos discos Load e Reload é mais peculiar, e até mesmo complexo. A mudança de sonoridade do Master para o And Justice não foi tão grande, quanto do And Justice para o Black Album ou para os Loads. Além do que, não adianta discutir esses discos aqui. Muita gente é ignorante o suficiente para dizer: Metallica depois do Master/And Justice/Black album morreu. Enfim... And Justice For All, o melhor disco do Metallica, considerado por muitos como o começo do fim. Só que não (Para mim). Rosh.


9 - Black Sabbath - Born Again  (1983)


Em 1983 o Black Sabbath lançou o álbum ao vivo "Live Evil". Ainda contava com Ronnie James Dio nos vocais. Porém, ainda no mesmo ano, Dio saiu para seguir uma brilhante carreira solo. E agora José? Ou melhor, e agora Iommi? Chamar o Ozzy de volta? Nem a pau juvenal, ou melhor, nem a pau Buttler. Vamos de Ian Gillan. Isso. Em 1983 o Deep Purple lançou o Perfect Strangers. Disco superestimado. Sim, é ótimo, mas o povo tem mania de dizer que é melhor do que realmente é. É bom, mas não é o melhor. Enfim. Paralelamente ao Purple, Gillan foi convidado a cantar no próximo disco do sabbath. Em agosto de 1983 sai o Born Again. Na minha humilde opinião? Um dos melhores discos do sabbath e um dos melhores discos de metal tradicional. Pesado e sombrio. Nada parecido com os últimos discos. A voz do Gillan é um destaque em particular. Muito cruel. Vemos em clássicos como Zero To Hero, Digital Bitch, Thrashed e Disturbing the Priest. Outras como Keep it warm e a faixa título mostram um lado bem sombrio e épico da banda. Uma decepção que esse disco não tenha sido tão aclamado quanto outros da carreira da banda.

8 - Deep Purple - Who do We Think We Are? (1973)

E por falar em Gillan, que tal falarmos um pouco mais do Deep Purple. Enquanto o Perfect Strangers é superestimado, discos como Come taste the band, Deep Purple e principalmente Who do we think we are são subestimados. Esse disco em questão é o último lançamento da formação mais clássica do Deep Purple, a MKII (Gillan, Blackmore, Glover, Lord e Paice). Lançado em 1973 conta com diversos clássicos do grupo. Do blues melancólico de Place in Line até a roqueira e descontraída Woman From Tokyo é um álbum recheado de clássicos. Mary Long, Rat Bat Blue e Smooth Dancer constam entre as canções mais significantes do Purple. Sem esquecer de Super Trouper e da faixa de encerramento, Our Lady (que viaja em excursões a lá Uriah Heep, sem sair do estilo do próprio Deep Purple). Outro disco fantástico que foi renegado a um segundo plano.

7 - Iron maiden - The X Factor (1995)

Muita gente vai achar que eu fiquei maluco daqui pra frente. Mas lembrem-se, são discos injustiçados. A maioria das pessoas não percebe o brilhantismo contido neles. Esse disco do maiden pode não ser o melhor trabalho do grupo inglês. Na minha opinião, humilde e nada contida, os melhores discos da donzela são somewhere in time e seventh son of a seventh son, ainda com o Bruce Dickinon nos vocais. O problema do X Factor, para muitos é justamente esse. Não é um disco com o Bruce. No seu lugar temos o subestimado Blaze Bayley. Por um lado os fãs, os bitolados, odiaram o Blaze, por outro odiaram o disco também. Rosh. O que é uma infâmia  visto que foi o disco que também rompeu alguns padrões. O som está sombrio, mais melancólico. Esta certo que há algumas músicas repetitivas, mas o maiden sempre teve esse padrão. As tão famigeradas "introduções de baixo" do Boss Steve Harris começam a tomar destaque, principalmente na furiosa, ao menos em termos de letra, Blood on the worlds hand. O refrão pulsante (assim como o baixo) de Judgment of Heaven, contrasta com a letra de questionamento filosófico e espiritual. As mais "maidenianas" são as aclamadas Man on the Edge (talvez uma das melhores composições da banda, na minha opinião), Sign of the Cross (outra das mais interessantes musicas do grupo) e Lord of the flies. O ponto fraco do disco? A canção 2.A.M. Ela é mais do mesmo, não é ruim, mas diferente das outras músicas do cd que apresentam alguma substância para que se auto-afirmem, ela não faz isso. É uma musiquinha bem sem graça. De resto, é um disco que recomendo para ouvirem sem preconceitos, tentando entender a proposta da banda naquele momento. Agora, se são do tipo que gosta de ir no rodizio de churrasco e comer arroz com feijão, batata frita e bife, boa sorte e procurem um disco mais tradicional.

6 - Bruce Dickinson - Skunkworks (1996)

Podemos dizer que esse disco é a ovelha negra da carreira do Bruce. Depois de um disco de hard rock (Tattoed Millionaire) e de um disco de metal bem melódico (não é metal melódico, é metal bem melódico, é diferente) com a Band of Gypsies (Balls to Picasso), Bruce resolve montar uma banda chamada Skunkworks. A gravadora não aceitou e obrigou que fosse lançado sob o nome do cantor. O disco ganhou esse nome, mas a banda era Bruce Dickinson. Enfim. Ovelha negra? Mas por que Don Vacorleone? Ah meu jovem. Isso se deve ao fato de que o disco era MUITO diferente dos dois álbuns anteriores e de qualquer coisa que o Mr.Air Raid Siren tenha feito tanto no Maiden quanto no Samsom. Pra começar é um disco de metal, mas podemos ver influências de grunge e outros estilos, transformando-o em um disco de metal alternativo. Mas nem tanto. A essência ainda está lá. Riffs pesados, melódia e uma qualidade instrumental e lírica maravilhosa. Músicas como a Meltdown tem uma pegada mais direta, com algumas passagens mais lentas e outras mais pesadas. Solar Confinament e innerspace poderiam constar em qualquer disco do Bruce (ou até em alguns discos mais recentes do Iron Maiden). Na verdade não entendo bem o porque a galera não curte esse disco. Só tem músicas interessantes. A sonoridade é diferente do que ele já havia feito? Sim, até que é bastante diversificada. Mas é um disco coeso e de qualidade. Acho ele melhor que o último solo do Bruce, o Tyranny of Souls. Aquele é um disco chato, que é o disco mais "metal" do Bruce.

5 - Opeth - Heritage (2011)

É o disco mais recente da lista e um dos que mais gostei. Quem conhece o Opeth sabe de suas origens. Uma banda de Death Metal oriunda da Suécia, mas que nunca se contentou em ser "apenas Death Metal". Sua sonoridade, desde os primórdios do grupo em meados da década de noventa, sempre englobou outros elementos. Do Folk ao rock progressivo, fazendo o Opeth ser uma banda única em um oceano de bandas tão parecidas. O fato é que a base da banda sempre foram blast beats, riffs furiosos, vocais guturais, ou seja, Death metal. Os outros elementos eram apenas isso, elementos, influências. Mas a partir de 2002 com o lançamento dos discos Damnation e Deliverance, a banda começou a mudar. Deliverance era uma carga bruta de riffs e agressividade. Damnation por sua vez, um disco mais harmonioso, mais compassado e semi-acústico, com muitos vocais limpos e melodias maravilhosas. Isso indicaria algumas propostas futuras da banda. Os álbuns seguintes continuaram com transformações musicais, mas nada que descaracterizasse o som da banda. Até 2011 quando saiu Heritage. O Disco é uma pura homenagem as bandas de rock progressivo da década de setenta. Desde a capa, passando pelas letras até o som. E a maioria (esmagadora) de fãs do Opeth torceu o nariz e ainda disse que era um disco totalmente descartável. Ora. Se não for um dos melhores discos do Opeth eu corto o saco...de quem está lendo isso. Rosh. Ainda admiro muito o trabalho anterior da banda, porém Heritage foi um passo em outra direção. The Devil's Orchard, Slither (homenagem a Ronnie James Dio), Nephente, Folklore, entre outras canções mostram um Opeth maduro e progressivo (mais do que complexo e técnico, aprenderam a real essência da música progressiva). É um disco que recomendo mais aos fãs de música do que aos fãs de metal. Opeth, inclusive, é o tipo de banda que atrai mais fãs de música do que headbangers.

4 - Judas Priest - Nostradamus (2008)

Pessoal torce o nariz pro Ripper, mas o Jugulator e o Demolition (1997 e 2001) são dois dos melhores discos de metal de sua era. Mas são discos de METAL, assim como o próprio Angel of Retribution (2005), primeiro disco com o Halford desde Painkiller (1990). Depois disso veio o disco em questão, Nostradamus (em 2008). Um álbum conceitual que muita gente disse ser "chato" ou "ruim". Eu discordo sumariamente. E ainda digo mais, Nostradamus é a melhor coisa que o Judas Priest lançou desde o Painkiller e talvez o disco mais... Não o melhor, mas...o mais... interessante deles. A vida de Nostradamus é contada em 23 canções de um disco duplo. Musicalmente falando é maravilhoso. Canções bem heavy metal como Nostradamus, Death, Prophecy e Persecution se contrapõem com emocionantes peças como Exiled (minha favorita do disco, muito tocante), Lost Love e Future of Mankind. A complexidade do trabalho é intercalada com vinhetas e passagens instrumentais. O cuidado com a produção e sonoridade do disco é fantástica. Não se trata de um disco de heavy metal, mas sim um disco de música muito bom. Talvez isso assuste os puristas. Esses puristas do metal tem muito medo de coisas diferentes. E o interessante é que são pessoas que parecem desconhecer a própria história do metal e do rock. São estilos que surgiram com o intuito de propagar a liberdade artística, romper barreiras. Mas dentre os fãs da música os headbangers são os mais conservadores e reacionários. E isso é triste!

3 - Helloween - Chameleon (1993)
 
Nossa, o bicho pega agora. Helloween foi uma das bandas responsáveis pela criação e popularização do Power Metal (ou metal melódico). Surgidos no incio dos anos oitenta na Alemanha, eram uma banda rápida e pesada, quase thrash metal, mas davam mais importância a uma bela melódia nas guitarras do que a riffs furiosos. Na minha opinião, e por mais que muitos me alfinetem e tentem descer a lenha em mim, é essa a diferença básica entre Power e Thrash metal (ao menos na década de oitenta). Enfim, Speed metal, Power Metal, sei lá. Helloween era isso, ao menos no Mini Lp (1984) e no primeiro disco, Walls of Jericho (1986). O vocal, guitarra e a liderança da banda estavam a cargo de Kai Hasen. O rapaz tinha uma voz meio esquista, mas era intensa e única. Suas composições também se destacavam e Walls se tornou um clássico. Mas ele estava cansado de acumular funções e convidou o jovem Michael Kiske para assumir os vocais. Lançaram então dois dos discos mais aclamados pelos fãs de Power Metal. Keeper of the Seven Keys I e II (1987 e 1988). Bem menos pesados que os dois primeiros, mas igualmente bons. Hasen acabou se desinteressando pela banda e fundou o Gamma Ray em 1989 (que foi uma excelente banda até meados da década de noventa, depois virou mais uma bandinha de power metal genérico). Michael Weikath, outro guitarrista da banda, acreditou que era a vez de tomar as rédeas  Porém Kiske foi mais ligeiro e derrubou toda sua influência de Hard rock e música pop, lançando o bom disco Pink Bubble Goes Ape em 1991. O disco não era ruim, mas era ainda menos pesado que os Keepers (embora eu o considere superior musicalmente). Estranhezas a parte, em 1993 sai o disco Chamelleon. Dessa vez a estranheza causada pelo grupo foi tanta que os fãs odiaram o disco. Disseram que aquilo não era metal (e nem era mesmo) e que a banda tinha acabado. Resultado: Demissão (ou não, vai saber, especulam tanto) do Kiske e Weikeath assumiu o comando. Melhorou? Nem melhorou, nem piorou. Andi Deris é um cara competente e gosto dos discos do Helloween com ele (ao menos os quatro primeiros, depois foi ficando meio monótono). Mas enfim. E o Chamelleon? Cara, um dos discos mais interessantes que já ouvi. Foge totalmente daquilo que você iria esperar do Helloween. Faixas como Giants, Revolution Now, I Believe e Music, são épicos muito bem estruturados. Crazy Cat, First Time, When The Sinner (uma das melhores da carreira da banda) e Step out Hell são músicas totalmente excelentes e agitadas, com influências de hard rock, heavy e até música lounge, que fica bem claro em Crazy cat, os metais (trompete, trombone, sax, etc) aparecem como uma constante em When the sinner. As baladas I don't wanna cry no more (uma das mais lindas músicas do Helloween) e Windmill são tocantes, sentimentais e a primeira remete, em certos momentos, ao Queen, em músicas como Spread Your Wings. Enfim, um disco que merecia muito mais. Mais um clássico que não recebeu a devida atenção por causa da incapacidade intelectual e sentimental de certas pessoas ignorantes.

2 - KISS - Music: From the Elder (1981)

Em 1979 o KISS flertou com a disco music no Dynasty. Alguns fãs não gostaram, mas tudo bem. Em 1980 saiu Unmasked. Na minha opinião é a pior merda que o KISS fez em quarenta anos de carreira. Eita disquinho RUIM! Mas em 1981 estavam dispostos a virar a mesa. Eric Carr havia entrado de vez para a banda e Ace Frehley estava meio descontente, mas ainda se mantinha como guitarrista solo. Chamaram o ex-Velvet Underground, Lou Reed. Um cara que tem mais altos e baixos que montanha russa (ehhh piada mais velha que cagar sentado), mas que em geral eram um bom compositor. A ideia era lançar um disco conceitual, que futuramente seria parte de uma série de discos e filmes . Foi um "fail" comercial, de crítica, público e até mesmo para a banda. Tanto que as músicas desse disco foram tocadas poucas vezes ao vivo. A única vez (depois de 1981) que sei que tocaram alguma música na integra foi "A World Without Heroes" (uma das mais belas e tocantes músicas do KISS) em seu acústico em 1995. Depois vi um vídeo deles tocando a introdução de "The Oath" e "I" em algum show recente. E diga-se de passagem, The Oath é uma das melhores músicas (e um dos riffs mais legais do KISS), "I" por sua vez é uma música, assim como Dark Light, que poderia estar em qualquer disco da década de setenta. O "Fail" do álbum tenha sido devido talvez a imagem que o KISS construiu para si. Uma banda festeira, sem compromisso, que só quer curtir, de repente chega a vida adulta e não sabe o que fazer. Acaba dando um passo maior que a perna e tropeça em si mesmo. É o Music From The Elder de 1981. O conceito não era lá essas coisas. Um garoto que é escolhido para lutar contra o mal. Blah Blah Blah. Meio história sem fim. Mas o destaque fica para o instrumental. Não chega a ser um Yes ou Rush. Mas é um pulo muito grande em relação aos simples acordes de Rock and roll all night (que fez o KISS ficar conhecido mundialmente). Outras canções de destaque ficam para a instrumental "Escape from the island", um heavy proto-thrash bem agitado, "Only you", "Just a boy" e "Under the Rose". Não entendo realmente o porque de tanto nariz torcido para esse disco. Principalmente por parte da banda. Paul e Gene, vocês dizem odiar esse disco, mas nos seus shows vocês veem a galera pedindo The Oath e outras. Pô! Desculpem, mas é um discão!


1 - Savatage - Poets and madman  (2001)

Não é só disco "Poets and madman" (2001) que é injustiçado. A banda Savatage como um todo é injustiçada. Talvez a banda mais injustiçada da história do rock e metal. A qualidade técnica, musical e lírica do grupo é tamanha que deveriam ter uma fama similar a do Queen ou de outras mega bandas de rock. Mas não. Foram renegados ao terceiro patamar de bandas. (Primeiro patamar: queen, beatles, stones, zeppelin, Metallica. Segundo: Rush, Jethro Tull, Uriah Heep Terceiro: Savatage, Virgin Steele, Tankard... E o quarto são bandas como a minha e a sua, rsss)Enfim, sem ficar fazendo mais comparações descabidas. O Savatage começou como uma banda de heavy metal em 1981, lançando sirens em 1983. Em 1987 saiu Hall of the Mountain King, talvez seu disco mais famoso, e mudou a sonoridade em 1989 com o Gutter Ballet. Ficou mais melódica, mais progressiva, mais interessante. Em 1993 morreu o guitarrista e co-fundador, Criss Oliva. Seu irmão também não cantava mais (só tocava teclado e era compositor do grupo, "só" rsss). Zak Stevens assumiu os vocais e ficou até 1999. Em 2001 Jon Oliva retomou os vocais e lançaram "Poets and madman". Um disco singular. Pesado, sombrio, obscuro, nervoso e ao mesmo tempo suave, melancólico, triste...com uma pitadinha de esperança pra não deixar ninguém com vontade de cortar os pulsos. Rosh. Em geral podemos dizer que é o disco mais pesado da banda desde o HOTMK (1987). E também o mais esquecido pelos fãs, que já são poucos. E quando esses fãs se encontram é uma discussão. Aparecem aqueles que gostam da fase mais "metal" da banda. Dizendo que o Sirens (1983) é melhor. Outros afirmam ser o Power of the Night (1985) ou o HOTMK(1987). Ai aparecem os fãs intermediários, aqueles que dizem: Gutter Ballet (1989), Streets (1991) ou Edge of Thorns (1993). E os que gostam da fase mais "prog" da banda. Afirmando que os melhores são Handful of Rain (1994), Dead Winter Dead (1995) ou Wake of Magellan (1997). Enfim. Não importa. Dificilmente você verá alguém defendendo o Poets and Madman (2001). Em geral é tão ignorado quanto o EP de 1984 (Dungeons are calling) ou o famigerado Fight for the Rock (1986). Mas vamos falar do disco. É conceitual. Aborda a história real do fotografo Kevin Carter, que se suicidou em 1994 após ganhar o prêmio Politzer (maior prêmio do jornalismo) ao tirar aquela famosa foto da criança africana prestes a ser devorada por um abutre. Junto com essa história real, temos também uma mistura com ficção. Alguns jovens invadem um manicômio desativado em busca de aventura. As duas histórias se unem e formam uma grande narrativa. E as músicas Don Vacorleone? Bom, temos a faixa de abertura: Stay With Me A While. Pesada e melancólica. A base de piano combina fortemente com a guitarra distorcida e bruta de Al Pitreli (Alice Cooper, Megadeth) e Chris Caffery. Depois vem Comissar. Ainda mais sombria, com um coro quase apocalíptico. There in The Silence é maligna. A introdução no sintetizador, misturada ao riff e a voz sinistra de Jon Oliva dão um toque meio "black sabbath" a canção. I seek Power é a mais "compassada" das faixas pesadas do disco. Pesada, mas sem muitas extravagancias. Drive é a faixa mais fraca. É rápida e pesada, mas não há muito destaque. Morphine Child é o épico mor do Savatage. Dez minutos de riffs maravilhosos, passagens excelentes. No final, um coro vocal dividido em seções. Algo que costumam chamar de contra-ponto, não sei se estou certo. Depois temos ainda The Rumor, Awaken, The Man in the mirror e Surrender. Cada uma com seu destaque particular. The Rumor é uma música que começa como balada e tem pequenas explosões durante sua execução. Surrender é uma das mais teatrais. O Final da canção é sensacional. Piano pulsante, mas sem perder o tom sómbrio. Para o encerramento do disco fica Back to A Reason. Uma das faixas mais marcantes e tocantes do Savatage. Uma falsa balada. Começa linda, no piano e voz. A tristeza invade a alma do ouvinte. Jon Oliva em grande forma. A música começa a crescer e se transforma em um rock mais pesado, aí vem o solo e logo em seguida a parte realmente "tapa na orelha" para poder dar um encerramento que faça jus ao poder do disco. Poets and madman. Outro disco que jamais será considerado um clássico pelo público em geral, justamente pelo savatage não ser uma banda popular. E talvez por isso o considere o disco mais injustiçado do rock e metal, pois até mesmo os ditos fãs de Savatage renegam esse disco ao esquecimento. Lamentável.


Isso aí gente. Até a próxima.
Um abraço do Don Vacorleone.

Fontes:
Eu, eu mesmo e Irene. Wikipédia, metal-archives e whiplash (rosh) também podem se considerar de ajuda em alguns poucos momentos.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Filmes Cult: Mas que são bons

Filmes Cult: Mas que são bons

Videodrome: A Síndrome do Vídeo

Capa ... como diria um japonês, capa MATSUMOTO (Mais ou menos) do filme...

              Muita gente ao pensar em filmes cult logo imagina filmes do leste europeu, russos, do escambau. Cheio de diálogos truncados e intrigantes mas sem muita emoção. Filmes bem cerebrais. Para mim isso não é filme cult, mas sim uma bosta. Rosh. Desculpem o palavreado chulo. Mas enfim. Filme cult para mim é aquele filme que te faz pensar. Usando qualquer meio para o mesmo. Por isso encaixo Videodrome: A síndrome do Vídeo nesse contexto. 
Dá um beijinho querido... MMMMMUUUUACHH!
             Filme canadense de 1983, escrito e dirigido pelo aclamado diretor de ficção cientifica David Cronenberg. Entre seus trabalhos de destaque podemos citar: Scanners, Na Hora da Zona Morta (adaptação de uma história do Stephen King), A Mosca, Gêmeos - Morbida semelhança, Um Método perigoso e Cosmópolis. E agora, vamos falar do filme propriamente dito, Videodrome. 
              O Filme aborda basicamente dois assuntos que gosto muito. A Trama gira em torno do personagem Max Renn (James Woods), um produtor de um canal que passa muita pornografia  desde softcore até os mais chulos e bizarros filmes de sexo não convencional. Pensem em sadomasoquismo e coisas realmente medonhas. Rosh. Um dia Max Renn está trabalhando com seu ajudante, hacker e assistente Harlan (Peter Dvorsky). Eles captam um sinal de um vídeo misterioso. Uma mulher nua é torturada, agredida e espancada durante uma hora e tantos minutos. Acreditam que aquilo será um sucesso. Max fica interessado em saber a origem do vídeo. Recorre a sua amiga Masha (Lynne Gorman), uma russa que tem envolvimento com o mercado negro. Ela informa que aquilo se trata de um snuff movie (para quem não sabe, snuff movie é o nome que se dá para um filme que contem cenas de violência e morte reais. Muitos acreditam que esse tipo de filme não passa de lenda. Em outro post comentarei mais sobre o assunto), chamado videodrome e Max acaba se interessando. O rapaz acaba se envolvendo com uma jovem chamada Nick Brand (Debbie Harry) que particularmente aparenta adorar esse tal videodrome. Depois de um tempo a guria some. Ele vai atrás de Brian O'Blivion (Jack Creley), que aparentemente tem ligações com o filme. Descobre que o senhor O'Blivion, que só aparecia através de uma televisão, na verdade está morto. A filha do próprio revela isso. Junto com tudo isso Max começa a sofrer alucinações e perder a percepção de realidade. O filme começa a confundir a nossa cabeça. Até certo momento você jura que sabe diferenciar até onde vai a realidade e a alucinação na cabeça de Max Renn. Só que não. A partir de determinado momento no filme, que varia de pessoa para pessoa, você já não tem mais controle disso e tudo se mistura. 
VHS NA BARRIGA! OUCH! 


Um abraço do Don Vacorleone. Deixe o Cannoli e leve a arma. Ou seria o contrário. Rosh.