segunda-feira, 18 de julho de 2011

Limbo Musical: Rock progressivo Capítulo V

Rock Progressivo Capítulo V: A queda do rock progressivo e seu renascimento
O rock progressivo fez sucesso até na Terra média

Até meados da década de setenta o rock progressivo dividiu a cena do rock com o hard rock (que na época era chamado de heavy metal, ou apenas rock and roll, por muitos). Parecia que tudo ia bem para esse rico estilo musical, até que começam a aparecer sinais de novos tempos. Um movimento musical e cultural (ou melhor, contra-cultural) chamado Punk Rock começa a surgir na Inglaterra e Estados Unidos. Na Inglaterra, principalmente os jovens filhos da classe operária e trabalhadora, estavam cheios da dificuldade econômica, da sujeira das indústrias, da hipocrisia da religião e de todo e qualquer tipo de instituição e entidade governamentais. Surgiram então os punks. Nos Eua a coisa era mais ligada à sonoridade. As bandas buscavam em seus ídolos dos anos 50 do rock and roll, do rockabilly e da surf music, e de bandas precursoras do punk, como MC5 e The Stooges, inspiração para fazer música simples em contrapartida à música mirabolante e virtuosa das bandas de rock progressivo.
Duas bandas encabeçaram esse movimento de caráter duplo, o punk rock. Essas bandas foram Ramones (nos EUA) e Sex Pistols (na Inglaterra). Muito embora haja a discussão sobre a autênticidade punk dos Sex Pistols (visto que muitos acusam o produtor/empresario da banda, Malcolm MacLarren, de "armar" a banda, não sendo ela um produto genuíno do meio em que viviam, mas sim uma criação para venda de discos), eles foram uma das primeiras bandas inglesas do estilo a aparecer na mídia e levantar a bandeira do punk rock.
De qualquer maneira o punk estourou de tal maneira que muitos jovens começaram a gostar da idéia de rebeldia, anarquismo, músicas simples e o lema "do-it yourself" (Faça você mesmo). Outro estilo musical que ajudou a destruir comercialmente o rock mais sofisticado foi a disco music. De 1975 para frente esse estilo, muito influênciado por bandas de Soul Music e Rythm and Blues, trouxe uma sonoridade totalmente dançante, tendo seus maiores expoentes grupos como KC and the Sunshine Band, Cool and the Gang, Earth Wind And Fire e Bee Gees. Até mesmo algumas bandas que chegaram a fazer música progressiva se bandearam para esse caminho, como é o caso do Chicago (alguns fãs de rock progressivo vão querer me matar, mas sim, Chicago já fez música progressiva, não adianta discutir com os fatos... algumas canções como 25 or 6 to 4, são bem progressivas).
Bom, o fato é que o rock progressivo começou a decair. Muitas bandas como Emerson Lake and Palmer, Triumvirat, Genesis e Yes começaram a amenizar seu som, ficando até mais pop/comercial do que gostariam de ser. ELP é a prova cabal disso no álbum "Love Beach" de 1978. Totalmente diferente da sonoridade complexa, cheia de energia e virtuosismo que existia em álbuns maravilhosos como "Brain Salad Surgery" ou "Tarkus".

Mas...nem tudo estava perdido.
A revolta da música mais sofisticada e menos comercial estavam por surgir com o Heavy metal. Tudo se deu início na NWOBHM (New Wave of British Heavy metal, ou em bom português, Nova Onda do Metal Britânico). Bandas como Iron Maiden, Witchfinder General, Saxon, Raven, Tank, Tokyo Blade, Angel Witch, Cloven Hoof, Diamond Head, entre outras começaram a fazer o heavy metal oitentista como conhecemos atualmente. Mas esse não é o ponto que quero chegar. Falei disso somente para traçar o panorama musical do final da década de setenta e início dos anos oitenta.

Bandas como Marillion, IQ e Pallas, começaram a resgatar a sonoridade esquecida por alguns. Mesmo não tendo a complexidade de bandas como Yes, Genesis e Gentle Giant em seu apíce, essas bandas, e outras, começaram a criar um estilo sofisticado que ficou conhecido como rock neoprogressivo. A mescla de rock and roll, hard rock, música erudita, jazz, blues e influências new wave estavam presentes. Outras bandas importantes que surgiriam nesse estilo seriam Spock's Beard, Pendragon, Magellan e Porcupine Tree (muito embora essas duas últimas tenham elementos de metal progressivo).

Marillion - Misplaced Childhood (1985)

Terceiro álbum do Marillion e considerado um dos melhores da banda. A sonoridade não é tão "setentista" como a dos discos anteriores, mas garante uma audição de qualidade e uma proposta diferente do cenário musical da época. O álbum é conceitual (muito embora eu não saiba direito qual a história do disco) e apresenta o maior sucesso da banda, "Kayleigh", que é um "trocadilho" com Kay Lee, uma ex-namorada do vocalista, o Fish. Algumas das músicas mais legais da banda, como a própria "Kayleigh", "Waterhole (Expresso Bongo)", Bitter Suite, Blind Curve e Lavender se encontram no disco.

 Pendragon - The Window of Life (1993)

Pendragon é uma das bandas de neoprogressivo que conheço que menos ouvi. Entretanto esse disco me chama muito a atenção por ter muitas caracteristicas que mostram a influência de bandas setentistas, como Genesis, mas mantendo elementos de originalidade da banda. Posso dar destaque as músicas como "The Walls of Babylon", "Ghosts" e "The Last Man on Earth". Todas músicas compridas, sendo a menor "Ghosts", com mais de oito minutos.

Spock's Beard - V (2000)

Poderia falar do álbum de estréia dessa banda "The Light" de 1995, do segundo disco "Beware the darkness" de 1996, ou do disco conceitual "Snow" de 2002, que muito lembra o clássico do Genesis, "The Lamb lies down on the Broadway". Entretanto irei comentar o que considero como melhor disco dessa ótima banda. V, lançado em 2000. Apesar do Spock's Beard ser geralmente classificado como banda de progressivo sinfônico, sua sonoridade não remete tanto a década de sententa, tendo a banda uma sonoridade mais moderna, o que não é ruim, pois não me refiro a "frescuras" modernas, como elementos eletrônicos, mas sim a essência das músicas. O disco tem dois grandes épicos "At the end of the day", um dos maiores clássicos da banda, com cerca de 16 minutos e The Great Nothing, que passa de 27 minutos. Entre essas duas perolas do progressivo moderno temos 4 músicas "mais tranquilas". "Revelation", "Toughts (Part II)" , "All on a Sunday" e "Goodbye to yesterdays". Tirando "Revelation", que tem um clima bem space rock, as outras são espécies de baladas de rock, mas de muita qualidade, sendo principalmente "Thoughs (Part II)" e "All on a sunday" destaques, pela beleza e complexidade.


IQ - Ever (1993)

Considero os dois melhores trabalhos do IQ os discos: The Wake de 1985 e Ever de 1993. Escolhi falar um pouco do Ever por ser a obra mais completa e essencial do IQ. Não há muito o que se falar desse disco. Ouvi pouco do IQ, entretanto Ever ficou na minha mente como uma das obras mais importantes e belas do neoprogressivo. Vale destacar faixas como "The Darkest Hour", "Further Away" e "Fading Senses".
Entre tantos discos bons e ruins, alguns se sobressaem e esse é um deles.


Metal Progressivo:

Durante esse período que falamos, que surgiu o rock neoprogressivo, outro estilo muito popular atualmente entre os fãs de metal e de rock progressivo(alguns), deu as caras. Influênciados diretamente por bandas progressivas como Rush, Kansas, Yes, King Crimson, entre outras, principalmente bandas que se apoiavam muito no uso das guitarras, como as citadas, e por grupos de heavy metal setentista e oitentista, como Judas Priest, Iron Maiden, Black Sabbath, Budgie, Uriah Heep, entre outros, surgem algumas bandas fazendo música progressiva, mas nem tão progressiva assim.

Queensryche talvez tenha sido uma das bandas precursoras desse estilo, juntamente com Fates Warning.
Essas duas bandas começaram a fazer esse tipo de sonoridade em meados da década de oitenta, tendo ambas atingido um nível suficiente de "progressividade", para ser chamadas de metal progressivo, nos álbuns "Operation: Mindcrime" e "No Exit", respectivamente. Muito embora não seja possível comparar esses discos a obras de metal progressivo mais moderno, como "The Human Equation" do Ayreon, "Remedy Lane" do Pain of Salvation, "Six Degrees of Inner Turbulence" do Dream Theater ou "The Divine Wings of Tragedy" do Symphony X, são discos que abriram as portas para o metal progressivo.




Queensryche - Operation: Mindcrime (1988)




Disco mais importante, e provavelmente o melhor, do Queensryche. Muito embora a banda só viesse a estourar nas paradas (Oooooo coisinha mais pop/mtv/comercial/malhação/adolescente/show bizz) no disco "Empire" de 1990, com o plágio...quer dizer, com a totalmente influênciada por Confortably Numb do Pink Floyd, "Silent Lucidity", o disco "Operation: Mindcrime" é a gema mais valiosa do Queensryche. É um disco conceitual, com riffs calcados no heavy metal oitentista, entretanto, com músicas complexas e uma maravilhosa influência de rock progressivo, como podemos notar em faixas como "Suite: Sister Mary", "The Mission" e "The Eyes of a Stranger".





Fates Warning - A Pleasant Shade of Grey (1997)

Esse álbum do Fates Warning divide opiniões. Alguns consideram muito denso, obscuro e difícil de ouvir. Outros consideram como o mais perfeito disco da banda. Realmente, ele é obscuro, denso e difícil de ouvir, mas isso que o torna tão intrigante. Apenas uma faixa de mais de cinquenta minutos, dividio em 12 "sub-faixas". A questão é que é um daqueles tipos de disco que dificilmente você irá captar toda a essência da música em apenas uma "ouvida". Tem que pegar as letras, sentar e ouvir com atenção e tentar entender a proposta da banda. Considero uma das maiores pérolas do metal progressivo.

Dream Theater - Images and Words (1992)

Embora o DT já tivesse lançado um disco antes "When a dream and day unite" em 1989, com outro vocalista, esse álbum (que marca a estréia do tão amado e odiado James LaBrie) é o pontapé inicial do que o DT viria a se tornar. Muitos acusam a banda de ser virtuosa ao extremo, que seus discos são meros exercícios musicais com letras, e todo esse tipo de baboseira de quem não consegue compreender a progressão e a harmônia da música do Dream Theater. Contudo esse álbum é o apogeu do rock progressivo e também o arquetipo de todas as bandas posteriores. Pode anotar, quando se fala de metal progressivo a primeira banda que vem na cabeça é Dream theater e a sonoridade que lembramos são as de músicas como "Metropolis - Part I: The Miracle and the Sleeper", "Take the Time" ou "Learning to Live". Sem mais o que dizer desse disco que para mim é o mais importante do metal progressivo!

Ayreon - The Human Equation (2004)

Ayreon é uma banda, aliás, um projeto, do compositor e músico holândes Arjen Anthony Lucassen. Desde 1995 ele lança discos sob o nome Ayreon, sempre com convidados fazendo parte da "banda", e são sempre nomes ilustres do rock e do metal. Nomes que vão de James LaBrie do Dream Theater, a Bruce Dickinson do Iron Maiden, e Fish do Marillion à Devin Townsend do Strapping Young Lad (que também foi vocal do disco "Sex and Religion" do Steve Vai). Todos os discos do Ayreon são conceituais. Esse em questão trata em vinte faixas (como se fossem dias) a vida de um homem que está em coma. Suas frustações, seus sentimentos, e como tudo afeta seu estado, tanto interna como externamente.  A sonoridade vai do metal mais pesado e atual até a influências de folk progressivo, como jethro tull.


Gostaria de falar de outros álbuns aqui... Existem pelo menos mais dois clássicos do metal progressivo que nunca poderia deixar de falar. São "The Perfect Element Par I" do Pain of Salvation e "The Divine Wings of Tragedy" do Symphony X. Fica a dica desse dois discos também.

Galera, próximo post vamos continuar nossa saga progressiva... Até mais!

terça-feira, 12 de julho de 2011

Limbo Musical: Rock progressivo Capítulo IV

Rock progressivo: Capítulo IV O rock progressivo fora da Inglaterra
No capítulo anterior de nossa saga progressiva abordei um pouco sobre o cenário britânico, algumas das bandas mais importantes e populares do genêro. Assim como cada estilo musical tem um país no qual se originou ou tornou-se mais popular é o mesmo com o progressivo. Tendo como berço a Grã-Bretanha, mais precisamente a Inglaterra, existem destaques de cenasa riquissimas fora desse país. Os maiores destaques vão para Itália e Alemanha, mas não podemos deixar de citar países como Brasil, EUA, Japão, França entre outros, que trouxeram grandes nomes.

O progressivo na Itália

Aqueles que são estudiosos e entusiastas do rock progressivo sabem de certo que a Itália possui uma gama enorme de bandas. Algumas ficaram até bem populares, como é o caso do Premiatta Forneria Marconni e Banco dell Mutuo Soccorso. Outras bandas como Cherry Five, Jumbo, Semiramis, Museo Rosenbach, Metamorfosis, não obtiveram tanto destaque, contudo não ficam atrás nos quesitos musicalidade, progressão, sonoridade, qualidade, etc.

Não creio que se possa dizer que existe um estilo chamado Rock progressivo italiano, visto que quase todas as bandas italianas utilizam-se de sub-estilos já consagrados como o rock progressivo sinfônico, o fusion jazz, o hard rock, entre outros... Todavia a sonoridade dessas bandas costuma ser única, com uma densidade muito grande. E o mais legal, na minha humilde opinião, é a escolha das bandas de cantarem em sua língua pátria. Em uma época que a moda era cantar em inglês para atingir um público maior, esses grupos escolheram utilizar sua lingua natal, sem medo de "passar vergonha".

Agora chega de papo sobre prog italiano. Irei recomendar alguns dos meus discos favoritos desse cenário tão rico:

1973 - Museo Rosenbach - Zarathustra

Talvez um dos discos mais obscuros da história do rock, que por contradição, tem se tornado muito popular entre os fãs de progressivo devido a internet. Maior que sua obscuridade é sua qualidade. Sendo um album progressivo é de se esperar um clima mais denso, variações de tempo, ritmo e arranjos complexos. Porém esse grupo vai além e mostra que a música é sim uma das formas mais complexas de arte. A primeira faixa ocupa o lado A inteiro da bolacha com a música "Zarathustra" de mais de vinte minutos. O conceito da canção é baseado no livro "Assim falou zaratustra" de Friederic Niezstche. O segundo lado do disco conta com outras grandes três faixas. A sonoridade é baseada nas guitarras pesadas, bem hard rock. Não tem tantos riffs marcantes, porém os fraseados e solos são de deixar o ouvinte de queixo caído. O teclado é um show a parte, denso e "pesado". Os vocais variam de gritos agressivos e "rasgados" a momentos mais suaves e melódicos. A cozinha é o menor destaque, fazendo seu trabalho com competência, porém sem um grande destaque. O disco é o único lançamento desse grupo na década de setenta, sendo que a banda lançaria seu segundo album quase vinte anos depois do primeiro.

Confiram nesse link uma resenha mais detalhada que eu fiz sobre a banda em um blog de um camarada, o Gustavão (Abraço garoto): http://rockarquivodois.blogspot.com/2010/07/museo-rosenbach-zarathustra-1973.html

1972 - Premiata forneria marconi - Per um Amico
Talvez a mais popular banda progressiva da Itália, e uma das melhores. Esse disco demonstra toda a qualidade do grupo e é considerado um dos melhores do conjunto. A mistura perfeita de sonoridades pesadas do hard rock a sofisticação da música erudita e do jazz faz com que esse lp seja um dos maiores discos da história da Itália. Destaques vão para a faixa de abertura do disco "Appena Un Po", “Generale” e “Per Un Amico”. Não desmerecendo as faixas restantes, entretanto essas três demonstram que são algo além de simplesmente músicas maravilhosas, são músicas geniais.



1972 - Banco del Mutuo Soccorso - Darwin


Um disco conceitual de uma das bandas mais "estranhas" (no bom sentido) da Itália. O conceito gira em torno das teorias de Darwin, sua história e principalmente da teoria da evolução das espécies. Musicalmente é um álbum riquissimo, um pouco "estranho" (Já falei, no bom sentido) se comparado a outras bandas, mas com muita qualidade. O grande destaque é o trabalho nos
teclados que vão muito além do álbum de estréia da banda, mostrando que a banda fez a lição de casa e soube usar sintetizadores de maneira eficaz, criando ambientes sonoros de muita qualidade e maestria.Destaque para as faixas " L'Evoluzione", "750,000Anni Fa..L Amore?", "La Conquista Della Posizione Eretta" e "Ed Ora Io Domando Tempo Al Tempo Ed Egli Mi Risponde ... Non Ne Ho!".




1973 - Semiramis - Dedicato a Frazz



Um dos discos com a capa mais estranha e feia (e olha que eu adoro essa capa) que já vi na vida. Entretanto o som é inversamente proporcional, uma das sonoridades mais completas e belissimas, muito embora seja o único disco dessa maravilhosa banda. Antes de continuar quero fazer um comentário. Tornou-se, até algum tempo atrás, exacerbar esse álbum, tanto devido a qualidade, quanto devido a obscuridade do som e da banda. Tornou-se um tipo de clássico esquecido. Agora existe outra vertente de pensamento, dizer que é um disco superestimado, que é bom, mas não é lá grande coisa. Bom, a meu ver ambas as vertentes de pensamento estão equivocada. Não é o melhor disco de todos os tempos, mas com certeza também não é um disco de se jogar fora, e diria até mais, é um dos grandes clássicos italianos esquecidos realmente.
O interessante é a perfeita harmônia de peso e melodia. As guitarras são bem pesadas para um trabalho de 1973 de uma banda que não é heavy metal (assim com Black Sabbath era na época). A sonoridade é bastante diversificada, embora em alguns momentos algumas músicas se tornem um pouco redundantes, mas nada que faça você achar que está ouvindo a mesma faixa diversas vezes. Em suma, um ótimo disco, altamente recomendado.


Agora vamos falar um pouco de um outro país... Alemanha.


A Alemanha sempre foi um país de destaque no cenário mundial. Seja por ter se envolvido de cabeça em 2 grandes guerras, ter sido palco de uma das maiores desgraças do século XX (não falo do Curintias, nem do governo do George W.Bush, mas sim do Regime Nazista), ter um "muro das lamentações" moderno (Muro de Berlim, óbvio), ou por fabricar o carro favorito dos "boys" do começo do século XXI (esse eu nem vou comentar).
Mas a Alemanha também teve um rico cenário musical, principalmente quando se trata de música progressiva. Alguns destaques maiores vão para bandas como Triumvirat, Eloy, Kraftwerk, Tangerine Dream, Can, Amol Dü II, entre outras.
A sonoridade de algumas, como as três últimas citadas se encaixa no Krautrock, sub-estilo experimental que visava criar um novo tipo de cultura musical na Alemanha. O nome krautrock, a principio, era uma ofensa dos críticos. Krautrock é uma palavra que faz uma espécie de trocadilho com chucrute (repolho cozido), querendo dizer repolho estragado, ou algo do tipo. Entretanto o termo acabou sendo adotado como classificação para essas bandas.

Bom, chega de conversa fiada, vamos para os destaques:

1974 - Kraftwerk - Autobahn

Uma banda única para sua época. A sonoridade do Kraftwerk é eletrônica, sendo uma das bandas precursoras dos estilos de música eletrônica e techno surgidos a partir do fim dos anos oitenta e começo dos noventa. Entretanto as semelhanças cessam nesse ponto. Kraftwerk segue a linha experimental do krautrock, e esse disco é considerado a obra-prima da banda. A faixa-título ocupa inteira o lado A do disco. Ela é grande, mas não é tão épica ou variada. O conceito por trás dessa música é apresentar uma espécie de "trilha sonora" para uma estrada, tentando induzir o ouvinte a acreditar que está viajando na auto-estrada. O segundo lado do disco contém músicas mais curtas, mesclando trechos bem sombrios e soturnos a passagens mais alegres, sendo que esse lado é inteiramente instrumental.

1977 - Eloy - Ocean

Melhor disco dessa banda muito boa. Inevitavel as comparações feitas a grandes icones como Genesis, Pink Floyd ou Yes, entretanto a banda se mostra original, mesmo que bebendo da fonte dessas bandas já citadas. A sonoridade varia do sinfônico ao "space rock", e o conceito por trás do disco é algo como a ascenção e queda de Atlantida. Não há muito o que falar desse disco a não ser que é um dos mais completos e melhores discos de rock progressivo alemão.

1975 - Triumvirat - Spartacus
Triumvirat sempre foi comparada ao super-grupo Emerson, Lake and Palmer. Muito embora eu veja as semelhanças por conta de ambas as bandas se basearem em trios, não usarem guitarras (na maior parte das músicas) e focarem muito no teclado, sintetizadores e orgãos, ainda sim creio que existam diferenças atenuantes. Enquanto o ELP foca muito no virtuosismo de seus músicos e em muitas vezes na "agressividade" das faixas e no tamanho delas, o Triumvirat se foca mais nas melódias e nas repetições e variações de temas (um recurso do rock progressivo que eu gosto muito). Escolhi esse disco, Spartacus, que considero o mais equilibrado da banda, mesmo meu favorito sendo "Illusions on a double dimple", álbum anterior do conjunto. Spartacus conta a história do gladiador-escravo de mesmo nome que liderou uma rebelião contra os romanos em torno de 70 a.c. Quanto a sonoridade temos belissimas músicas como "The Capital of power", "The School of instant Pain", "The Hazy shades of dawn" e "Spartacus", sendo essas músicas os maiores destaques. Não é um disco com guitarras pesadas, contudo as melódias são tão bem feitas que acabam suprindo essa necessidade.

1974 - Tangerine Dream - Phaedra

Tangerine Dream é uma banda de krautrock que teve diversas fases. A mais aplaudida e considerada a melhor pelos fãs é a de meados da década de setenta. Phaedra é considerado a obra máxima do grupo pela maioria. Um disco que pessoalmente considero denso, mas de certa maneira calmo e relaxante em muitos momentos. Ao contrário de outras bandas como ELP, Triumvirat, Genesis, Yes, etc... Não há aquele momento frenético, vulgarmente chamado de "fritação". É um som bem introspectivo. Diferente dos discos anteriores, voltados as influências de Pink Floyd em começo de carreira é um disco singular.


Bom, agora que acabamos de falar da Alemanha e Itália, que tal apenas destaquer grandes nomes de outros países. É esse post está longo e estou cansado.
EUA: Kansas

Para mim o maior nome do rock progressivo vindo dos USA. O melhor disco deles é com toda certeza Leftoverture. A sonoridade se assemelha mais a bandas como Rush, um hard bem progressivo. Destaques para Carry on My wayward son, Magnus Opus e The Wall.

Canadá: Rush

Uma das bandas que mais gosto. Não tem muito papo, Rush é RUSH! Pronto, acabou.

Brincadeira, não vamos ser tão superfíciais. Rush tem uma trajetória inigualável. Uma banda que se construiu com bases no rock and roll, rythm and blues e logo avançou para o rock progressivo (se bem que eles tem muito de hard rock e heavy metal, tanto que seriam as bases para o metal progressivo, abordaremos isso em outro "post"). Meu disco favorito deles? Tem tantos. Mas darei destaque para o Hemispheres, com certeza o mais progressivo da banda. Lançado em 1978 foi o último disco 100% prog do Rush, depois lançariam Moving Pictures e Permanet Waves, alcançando de vez o estrelato com Tom Sawyer e Spirit of the Radio. Mas o Hemispheres tem algumas de minhas canções favoritas. Cygnus X-2 (epico de 20 e poucos minutos) e The Threes, uma das mais belas faixas da banda.

Brasil: O terço, Casa das máquinas, Sá(,) Rodrix e Guarabyra, O Som nosso de cada dia, bacamarte, A barca do Sol, Mutantes, entre outras...

O Brasil, por incrível que pareça, teve um cenário progressivo riquissimo, e atualmente é um dos poucos países que ainda segue essa tradição (junto com a Itália e alguns outros), vendo que a moda hoje em dia é metal progressivo e não rock progressivo. Essas bandas citadas são apenas alguns destaques. Nem entrarei em mais delongas, apenas ouçam discos cabulosos como "Do A ao Z" dos Mutantes (sem a manezona da Rita Lee), "Criaturas da Noite" da banda O Terço ou o último disco ao vivo (Dvd melhor ainda) do Sá, Rodrix e Guarabyra. Rock progressivo com sonoridade totalmente brasileira. (Muito embora esse último que citei varie demais no estilo e não tenha tantas amostras de prog, mais em faixas como "Mestre Jonas" ou "Jesus numa moto").

Japão: Far East Family Band

Banda do grande nome da New Age Kitaro. Na época ele já tinha carreira solo, entretanto esse disco é de sua banda de progressivo. Sonoridade à lá Pink Floyd lá da época do Meddle ou do Atom heart Mother, porém mais rock, menos experimental, mais progressiva e mais sómbria, mais obscura. A qualidade é tanta que não tenho palavras para descrever. Ouvi esse disco, sei que a banda é do Kitaro, porém tenho dificuldades para achar mais informações. Se alguém quiser ajudar deixe um comentário ou mande um e-mail para mim. Nipponjin é o disco que ouvi deles. Destaque para o lado A do disco.

França: Jean Michel Jarre, Gong, Magma, Jean-Luc Ponty

São alguns nomes do progressivo francês. Jean Michel Jarre é o menos progressivo, mas o mais famoso. Trabalhos instrumentais, trilhas sonoras, música new age e progressivo eletrônico constam em seus trabalhos, tendo destaque Oxygen I e II. Gong e Magma são bandas singulares. Gong mais tradicional, tendo em suas influências o rock progressivo mais tradicional e o space rock. Magma por sua vez é uma banda que canta em uma língua própria criada pelo baterista, o Kobaian. A maioria de seus discos tratam de um único conceito, a ascenção, queda e colonização de outros planetas pelo povo de Kobaia. Jean-Luc Ponty por sua vez apesar de ser um virtuoso músico de Jazz é ligado diretamente ao progressivo, sendo um dos maiores violinistas da música moderna.


Bom, existem outras grandes bandas de progressivo em diversos países. Entretanto tentei resumir ao máximo isso, caso contrário poderia ter um blog exclusivamente para tratar de grupos progressivos mundo a fora.

Continuamos no próximo capítulo meus amigos.