segunda-feira, 18 de julho de 2011

Limbo Musical: Rock progressivo Capítulo V

Rock Progressivo Capítulo V: A queda do rock progressivo e seu renascimento
O rock progressivo fez sucesso até na Terra média

Até meados da década de setenta o rock progressivo dividiu a cena do rock com o hard rock (que na época era chamado de heavy metal, ou apenas rock and roll, por muitos). Parecia que tudo ia bem para esse rico estilo musical, até que começam a aparecer sinais de novos tempos. Um movimento musical e cultural (ou melhor, contra-cultural) chamado Punk Rock começa a surgir na Inglaterra e Estados Unidos. Na Inglaterra, principalmente os jovens filhos da classe operária e trabalhadora, estavam cheios da dificuldade econômica, da sujeira das indústrias, da hipocrisia da religião e de todo e qualquer tipo de instituição e entidade governamentais. Surgiram então os punks. Nos Eua a coisa era mais ligada à sonoridade. As bandas buscavam em seus ídolos dos anos 50 do rock and roll, do rockabilly e da surf music, e de bandas precursoras do punk, como MC5 e The Stooges, inspiração para fazer música simples em contrapartida à música mirabolante e virtuosa das bandas de rock progressivo.
Duas bandas encabeçaram esse movimento de caráter duplo, o punk rock. Essas bandas foram Ramones (nos EUA) e Sex Pistols (na Inglaterra). Muito embora haja a discussão sobre a autênticidade punk dos Sex Pistols (visto que muitos acusam o produtor/empresario da banda, Malcolm MacLarren, de "armar" a banda, não sendo ela um produto genuíno do meio em que viviam, mas sim uma criação para venda de discos), eles foram uma das primeiras bandas inglesas do estilo a aparecer na mídia e levantar a bandeira do punk rock.
De qualquer maneira o punk estourou de tal maneira que muitos jovens começaram a gostar da idéia de rebeldia, anarquismo, músicas simples e o lema "do-it yourself" (Faça você mesmo). Outro estilo musical que ajudou a destruir comercialmente o rock mais sofisticado foi a disco music. De 1975 para frente esse estilo, muito influênciado por bandas de Soul Music e Rythm and Blues, trouxe uma sonoridade totalmente dançante, tendo seus maiores expoentes grupos como KC and the Sunshine Band, Cool and the Gang, Earth Wind And Fire e Bee Gees. Até mesmo algumas bandas que chegaram a fazer música progressiva se bandearam para esse caminho, como é o caso do Chicago (alguns fãs de rock progressivo vão querer me matar, mas sim, Chicago já fez música progressiva, não adianta discutir com os fatos... algumas canções como 25 or 6 to 4, são bem progressivas).
Bom, o fato é que o rock progressivo começou a decair. Muitas bandas como Emerson Lake and Palmer, Triumvirat, Genesis e Yes começaram a amenizar seu som, ficando até mais pop/comercial do que gostariam de ser. ELP é a prova cabal disso no álbum "Love Beach" de 1978. Totalmente diferente da sonoridade complexa, cheia de energia e virtuosismo que existia em álbuns maravilhosos como "Brain Salad Surgery" ou "Tarkus".

Mas...nem tudo estava perdido.
A revolta da música mais sofisticada e menos comercial estavam por surgir com o Heavy metal. Tudo se deu início na NWOBHM (New Wave of British Heavy metal, ou em bom português, Nova Onda do Metal Britânico). Bandas como Iron Maiden, Witchfinder General, Saxon, Raven, Tank, Tokyo Blade, Angel Witch, Cloven Hoof, Diamond Head, entre outras começaram a fazer o heavy metal oitentista como conhecemos atualmente. Mas esse não é o ponto que quero chegar. Falei disso somente para traçar o panorama musical do final da década de setenta e início dos anos oitenta.

Bandas como Marillion, IQ e Pallas, começaram a resgatar a sonoridade esquecida por alguns. Mesmo não tendo a complexidade de bandas como Yes, Genesis e Gentle Giant em seu apíce, essas bandas, e outras, começaram a criar um estilo sofisticado que ficou conhecido como rock neoprogressivo. A mescla de rock and roll, hard rock, música erudita, jazz, blues e influências new wave estavam presentes. Outras bandas importantes que surgiriam nesse estilo seriam Spock's Beard, Pendragon, Magellan e Porcupine Tree (muito embora essas duas últimas tenham elementos de metal progressivo).

Marillion - Misplaced Childhood (1985)

Terceiro álbum do Marillion e considerado um dos melhores da banda. A sonoridade não é tão "setentista" como a dos discos anteriores, mas garante uma audição de qualidade e uma proposta diferente do cenário musical da época. O álbum é conceitual (muito embora eu não saiba direito qual a história do disco) e apresenta o maior sucesso da banda, "Kayleigh", que é um "trocadilho" com Kay Lee, uma ex-namorada do vocalista, o Fish. Algumas das músicas mais legais da banda, como a própria "Kayleigh", "Waterhole (Expresso Bongo)", Bitter Suite, Blind Curve e Lavender se encontram no disco.

 Pendragon - The Window of Life (1993)

Pendragon é uma das bandas de neoprogressivo que conheço que menos ouvi. Entretanto esse disco me chama muito a atenção por ter muitas caracteristicas que mostram a influência de bandas setentistas, como Genesis, mas mantendo elementos de originalidade da banda. Posso dar destaque as músicas como "The Walls of Babylon", "Ghosts" e "The Last Man on Earth". Todas músicas compridas, sendo a menor "Ghosts", com mais de oito minutos.

Spock's Beard - V (2000)

Poderia falar do álbum de estréia dessa banda "The Light" de 1995, do segundo disco "Beware the darkness" de 1996, ou do disco conceitual "Snow" de 2002, que muito lembra o clássico do Genesis, "The Lamb lies down on the Broadway". Entretanto irei comentar o que considero como melhor disco dessa ótima banda. V, lançado em 2000. Apesar do Spock's Beard ser geralmente classificado como banda de progressivo sinfônico, sua sonoridade não remete tanto a década de sententa, tendo a banda uma sonoridade mais moderna, o que não é ruim, pois não me refiro a "frescuras" modernas, como elementos eletrônicos, mas sim a essência das músicas. O disco tem dois grandes épicos "At the end of the day", um dos maiores clássicos da banda, com cerca de 16 minutos e The Great Nothing, que passa de 27 minutos. Entre essas duas perolas do progressivo moderno temos 4 músicas "mais tranquilas". "Revelation", "Toughts (Part II)" , "All on a Sunday" e "Goodbye to yesterdays". Tirando "Revelation", que tem um clima bem space rock, as outras são espécies de baladas de rock, mas de muita qualidade, sendo principalmente "Thoughs (Part II)" e "All on a sunday" destaques, pela beleza e complexidade.


IQ - Ever (1993)

Considero os dois melhores trabalhos do IQ os discos: The Wake de 1985 e Ever de 1993. Escolhi falar um pouco do Ever por ser a obra mais completa e essencial do IQ. Não há muito o que se falar desse disco. Ouvi pouco do IQ, entretanto Ever ficou na minha mente como uma das obras mais importantes e belas do neoprogressivo. Vale destacar faixas como "The Darkest Hour", "Further Away" e "Fading Senses".
Entre tantos discos bons e ruins, alguns se sobressaem e esse é um deles.


Metal Progressivo:

Durante esse período que falamos, que surgiu o rock neoprogressivo, outro estilo muito popular atualmente entre os fãs de metal e de rock progressivo(alguns), deu as caras. Influênciados diretamente por bandas progressivas como Rush, Kansas, Yes, King Crimson, entre outras, principalmente bandas que se apoiavam muito no uso das guitarras, como as citadas, e por grupos de heavy metal setentista e oitentista, como Judas Priest, Iron Maiden, Black Sabbath, Budgie, Uriah Heep, entre outros, surgem algumas bandas fazendo música progressiva, mas nem tão progressiva assim.

Queensryche talvez tenha sido uma das bandas precursoras desse estilo, juntamente com Fates Warning.
Essas duas bandas começaram a fazer esse tipo de sonoridade em meados da década de oitenta, tendo ambas atingido um nível suficiente de "progressividade", para ser chamadas de metal progressivo, nos álbuns "Operation: Mindcrime" e "No Exit", respectivamente. Muito embora não seja possível comparar esses discos a obras de metal progressivo mais moderno, como "The Human Equation" do Ayreon, "Remedy Lane" do Pain of Salvation, "Six Degrees of Inner Turbulence" do Dream Theater ou "The Divine Wings of Tragedy" do Symphony X, são discos que abriram as portas para o metal progressivo.




Queensryche - Operation: Mindcrime (1988)




Disco mais importante, e provavelmente o melhor, do Queensryche. Muito embora a banda só viesse a estourar nas paradas (Oooooo coisinha mais pop/mtv/comercial/malhação/adolescente/show bizz) no disco "Empire" de 1990, com o plágio...quer dizer, com a totalmente influênciada por Confortably Numb do Pink Floyd, "Silent Lucidity", o disco "Operation: Mindcrime" é a gema mais valiosa do Queensryche. É um disco conceitual, com riffs calcados no heavy metal oitentista, entretanto, com músicas complexas e uma maravilhosa influência de rock progressivo, como podemos notar em faixas como "Suite: Sister Mary", "The Mission" e "The Eyes of a Stranger".





Fates Warning - A Pleasant Shade of Grey (1997)

Esse álbum do Fates Warning divide opiniões. Alguns consideram muito denso, obscuro e difícil de ouvir. Outros consideram como o mais perfeito disco da banda. Realmente, ele é obscuro, denso e difícil de ouvir, mas isso que o torna tão intrigante. Apenas uma faixa de mais de cinquenta minutos, dividio em 12 "sub-faixas". A questão é que é um daqueles tipos de disco que dificilmente você irá captar toda a essência da música em apenas uma "ouvida". Tem que pegar as letras, sentar e ouvir com atenção e tentar entender a proposta da banda. Considero uma das maiores pérolas do metal progressivo.

Dream Theater - Images and Words (1992)

Embora o DT já tivesse lançado um disco antes "When a dream and day unite" em 1989, com outro vocalista, esse álbum (que marca a estréia do tão amado e odiado James LaBrie) é o pontapé inicial do que o DT viria a se tornar. Muitos acusam a banda de ser virtuosa ao extremo, que seus discos são meros exercícios musicais com letras, e todo esse tipo de baboseira de quem não consegue compreender a progressão e a harmônia da música do Dream Theater. Contudo esse álbum é o apogeu do rock progressivo e também o arquetipo de todas as bandas posteriores. Pode anotar, quando se fala de metal progressivo a primeira banda que vem na cabeça é Dream theater e a sonoridade que lembramos são as de músicas como "Metropolis - Part I: The Miracle and the Sleeper", "Take the Time" ou "Learning to Live". Sem mais o que dizer desse disco que para mim é o mais importante do metal progressivo!

Ayreon - The Human Equation (2004)

Ayreon é uma banda, aliás, um projeto, do compositor e músico holândes Arjen Anthony Lucassen. Desde 1995 ele lança discos sob o nome Ayreon, sempre com convidados fazendo parte da "banda", e são sempre nomes ilustres do rock e do metal. Nomes que vão de James LaBrie do Dream Theater, a Bruce Dickinson do Iron Maiden, e Fish do Marillion à Devin Townsend do Strapping Young Lad (que também foi vocal do disco "Sex and Religion" do Steve Vai). Todos os discos do Ayreon são conceituais. Esse em questão trata em vinte faixas (como se fossem dias) a vida de um homem que está em coma. Suas frustações, seus sentimentos, e como tudo afeta seu estado, tanto interna como externamente.  A sonoridade vai do metal mais pesado e atual até a influências de folk progressivo, como jethro tull.


Gostaria de falar de outros álbuns aqui... Existem pelo menos mais dois clássicos do metal progressivo que nunca poderia deixar de falar. São "The Perfect Element Par I" do Pain of Salvation e "The Divine Wings of Tragedy" do Symphony X. Fica a dica desse dois discos também.

Galera, próximo post vamos continuar nossa saga progressiva... Até mais!

2 comentários:

  1. Eu tenho esse álbum e concordo com a sua opinião.

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  2. Agradeço o comentário. Peço desculpas pela demora na resposta. Desculpe, mas de qual dos álbuns comentados está falando? Um abraço!

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