quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Limbo Musical: Rock progressivo - Capítulo VI

Capítulo VI:  Vanguardismo, experimentalismo e outros ismos 



Olá meus caros amigos, estamos de volta com a saga progressiva. No sexto capítulo irei abordar um estilo que não é necessariamente rock, mas com certeza MUITO progressivo. A música de vanguarda. Ela surgiu por volta da segunda guerra mundial, visando romper qualquer tipo de regra ou barreira musical imposta, seja pelas regras musicais ou seja pelo "bom senso". Alguns compositores clássicos como Wagner e Debussy são considerados músicos de vanguarda, contudo não é somente a música clássica que adentra esse estilo. Aliás, muito diversificado e não linear, tanto que demandaria diversos posts para cobrir esse estilo, talvez uma saga tão grande quanto a nossa progressiva. Bom, o que nos interessa é falar um pouco de algumas bandas e artistas e conhecer o que é vangarda.
Do francês Avant Garde, um trocadilho com o batalhão que precede as tropas em uma batalha. Ser um vanguardista é estar a frente de seu tempo, assim como a vanguarda está a frente das tropas normais.
E a música vanguardista é assim, sempre rompendo barreiras. Desde o experimentalismo misturado ao rock e música clássica de Philiph Glass, passando pelo R.I.O. (Rock in opposition, estilo muito influênciado pelo jazz, cheio de improvisos)do Univers Zero e até o som... sem som de John Cage... famoso pela peça 4'33", na qual "toca" quatro minutos e trinta e três segundos de puro silêncio.
E o experimentalismo vanguardista é assim, não há regras.
Bom, não sou nenhum expert em música de vanguarda, conheço pouquissimo do estilo, mas considero um estilo de arte interessante. Justamente o mais legal é que esse gênero mostra toda a subjetividade do que é arte. Muitas pessoas irão considerar, por exemplo, a canção "4'33"" de John Cage uma perda total de seu tempo, um insulto a sua inteligência, uma afronta ao bom gosto musical, simplesmente pelo fato de não haver notas. Outros dirão que nem música é. Outros acharão bobo. Outros irão perceber uma sutilidade e uma leve crítica as canções extremamtente virtuosas e pomposas que abusam das técnicas e respeitam todas as regras musicais. Haverá ainda aqueles que vão dizer que é uma obra genial, das mais controversas, algo digno de um brilhante e genial artista. Enfim... Esse é o barato do vanguardismo, não ser NADA previsivel, totalmente fora dos padrões. Chega de papo. Irei recomendar alguns artistas e algumas obras interessantes.

Avant-Gard (em geral) : 


Philip Glass

 
Um dos músicos mais influentes e experimentais do século XX, Glass criou também várias trilhas sonoras para filmes, alguns mais famosos como "O Show de Truman - O show da vida" e "O Ilusionista" ou alguns mais obscuros, como "Mishima" e a trilogia "Qatsi". Compôs a trilha sonora para "Kundum", filme sobre o Dalai Lama. Não irei indicar nenhum disco dele, pois não conheço nenhum a fundo. O que mais ouvi dele foram algumas músicas como "Metamorphosis One" e "Changing Opnion"  e suas trilhas sonoras.

John Cage

Como já foi mencionado, ficou famoso por "ousar demais" e gravar (e apresentar) uma canção sem nenhum instrumento, nenhuma nota, nenhum... SOM! É...esse é o cara do vanguardismo. Mais experimental que isso... Não têm. Somente se existisse uma versão de 23 minutos da canção "4'33"".  Também não manjo muito dos discos dele, mas considerando sua fama, creio que ele não tenha uma discografia muito... convencional.

Arnold Schönberg

Fundador do dodecafonismo (não saberei explicar direito o que é dodecafonismo, então vai um "linkezinho esperto" da wikipédia pra esclarecer qualquer dúvida: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dodecafonismo ). Algumas de suas principais obras são: Kammersymphonie No. 1 em Mi maior op. 9, Verklärte Nacht p/ sexteto de cordas Op. 4, Um Sobrevivente de Varsóvia p/ orquestra narrador e coro masculino Op. 46 e Concerto para Piano Op. 42. Seu estilo é muito semelhante ao que vemos em algumas partes orquestradas de canções de bandas de progressivo. A Kammersymphonie por exemplo me lembra muitas partes orquestradas do disco "Atom heart mother" do Pink Floyd (ou esse disco do Pink Floyd remetem a Arnold Schönberg...ehhehe).

Agora vamos falar da versão rock do vanguardismo:

R.I.O. (Rock in opposition):

* R.I.O.
(rock em oposição = Tradução literal) é um estilo mais próximo ao rock progressivo, muito influênciado pelo jazz e melhor compreendido ao vivo, justamente por causa dos improvisos. A oposição vem pelo fato de haver elementos muitas vezes que diferem demais do rock normal. Poliritmia, tons dessonantes e elementos de estrutura musical incoerentes e algumas vezes aleatórios fazem parte do R.I.O. Apesar de nunca ter sido realmente um estilo musical o R.I.O. sofre do mesmo mal que o grunge. Mesmo as bandas sendo muitas vezes musicalmente diferentes entre si, acabaram sendo comparadas por rupturas musicais semelhantes e por muitas vezes terem as mesmas posturas em relação a experimentalismo. Podemos até dizer que R.I.O. é uma versão mais rock do vanguardismo... salvo as proporções)

Univers Zero

Fantástica banda belga de rock progressivo. Talvez uma das mais inusitadas e peculiares. O Som é obscuro, denso e realmente ...perturbador algumas vezes, como a canção "Central Belgium in the dark". Até algumas canções (como a citada) dificilmente podem ser classificadas como rock à primeira vista. Entretanto Univers Zero mostra muita influência de jazz e rock and roll em outras composições como "Chaos hermetique" ou "Jack the Ripper". Mas é lógico, para os desavisados e para quem não está acostumado com a sonoridade "perturbadora" do Univers Zero... Eles tem sonoridade MUITO dissonante.... MUITO estranha. Muitas vezes você até irá imaginar que eles não sabem o que estão fazendo...mas acredite. Eles sabem!  Recomendo os discos "Heresie", "Univers Zero(1313)" , "Ceux Du Dehors" e "Clivages".

Henry Cow


 Não digo que foi fundador do estilo, mas com certeza foi um dos mais influentes precursores e um dos mais interessantes grupos de R.I.O. . Sua sonoridade peculiar trouxe muita influência pro estilo. Dos discos que conheço (só conheço um mesmo) recomendo o primeirão, aquele da meia, Legend.


Stormy Six

Banda italiana do gênero. Para mim um achado e também uma banda muito obscura. Fui encontrar mais informações no site (ótimo site, diga-se de passagem) progarchives. Ouvi algumas canções do disco L'Apprendista e do álbum Un biglietto del tram. Apesar de ser R.I.O. eles remetem muito ao sinfônico italiano e um pouco ao folk também, ao menos pelo que pude constar em algumas canções que ouvi. Não tenho muito pra falar além disso. Mas recomendo.


Outros gêneros:
Temos o krautrock e a cena de cantebury. Já mencionei um pouco de ambos. Exemplos principais dos dois estilos são respectivamente Tangerine Dream e Caravan. Não há muito mais o que possa ser comentado. Aliás, esses dois estilos estão muito mais para um rock progressivo tradicional, nem sei porque raios deixei aqui.

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